Soja: Ainda em alta, mercado atinge melhor patamar em 11 meses

Publicado em 22/05/2014 08:02

Nesta quinta-feira, os futuros da soja alcaçam os melhores preços em 11 meses na Bolsa de Chicago diante da crescente demanda da China, maior consumidor mundial da oleaginosa. No pregão eletrônico de hoje, por volta das 7h50 (horário de Brasília), o contrato julho valia US$ 15,24 por bushel e subia 19,50 pontos. As demais posições também subiam mais de 19 pontos no mesmo momento. 

Ontem, autoridades chinesas divulgaram dados indicando a compra de 600 mil toneladas de soja por parte dos processadores para ser embarcada à nação asiática depois de 1º de setembro, entre outras informações sugerindo esse crescimento da procura por soja, e as notícias foram muito bem recebidas pelo mercado. 

Dessa forma, o papel de racionar essa demanda frente a uma oferta tão escassa nos Estados Unidos continua sendo do mercado por meio de preços cada vez mais altos, segundo explicam analistas. Além disso, no Brasil a oferta também começa a se apertar, uma vez que as exportações caminham de forma bastanta satisfatória e a demanda interna também se mostra bastante aquecida. 

Na China, os preços de produtos com valor agregado como carne suína e ovos, além do farelo de soja, dispararam nos últimos meses, incentivando os produtores a buscarem mais matéria-prima para aproveitarem os bons preços e bom momento do consumo. "No último mês, os preços da carne suína, do farelo de de soja, milho e trigo passaram por um rally na China", disse à agência Bloomberg o analista internacional Paul Deane. 

Esse movimento de forte alta registrado hoje continua após intensos ganhos observados também no fechamento desta quarta-feira. Confira o comportamento do mercado na sessão de ontem:

Com possível aumento da demanda chinesa, soja fecha com forte alta

A falta de soja nos Estados Unidos diante de uma demanda ainda muito forte pela produção norte-americana, principalmente por parte da China, permitiu com que os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago fechassem a sessão eletrônica desta quarta-feira com forte e expressiva alta, registrando os melhores patamares em sete semanas. 

O vencimento julho, o mais negociado nesse momento, avançou 2,4% e encerrou o dia valendo US$ 15,05 por bushel, com alta de 35,50 pontos. Os demais contratos praticados em Chicago terminaram o pregão com ganhos superiores a 20 pontos. 

O diretor da Globaltecnos, da Argentina, Sebastian Gavalda, afirmou que essa foi uma sessão de intensa volatilidade. A falta de produto disponível já é conhecida pelo mercado, o que deverá portanto, continuar como um dos principais fatores de suporte para as cotações. 

Além disso, Gavalda acredita que as baixas registradas pelo mercado nos últimos dias agravaram ainda mais essa escassez, uma vez que motivou ainda mais compras, aumentando as já expressivas exportações dos Estados Unidos. "O mercado pode ter mais dois ou três meses de alta, até que se volte para as estimativas de uma grande safra nos EUA na próxima temporada", diz. 

Entretanto, mesmo com essas boas perspectivas para a colheita de soja no ciclo 2014/15, os vencimentos de mais longo prazo também vêm apresentando boas altas na CBOT. Nesta quarta, essas posições subiram mais de 20 pontos e analistas afirmam que esses ganhos explicitam os riscos que ainda são observados, principalmente em função de possíveis adversidades climáticas. "Já há muita especulação sobre essa nova safra nos Estados Unidos", afirma Gavalda. 

"Mesmo com as estimativas de que os Estados Unidos podem aumentar sua produção em algo entre 9 e 10 milhões de toneladas, a tendência é de que eles recompanham seus estoques, que precisam de no mínimo de 6 a 7 milhões de toneladas, e isso segura ainda mais os preços no mercado internacional", explica Pedro Arantes, economista e analista de mercado da Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás).

Para Arantes, até que a nova safra norte-americana esteja melhor definida, o mercado internacional tendea operar de lado, refletindo a notícia de cada dia, uma vez que os atuais fundamentos já são conhecidos pelos investidores. 

"Daqui até meados de setembro, a tendência é de que o mercado continue firme porque a disponibilidade de produto é muito baixa. Mais próximo da colheita, mesmo sem o produto disponível, os grandes consumidores já começam a trabalhar em uma posição comprando de forma mais imediata".

China  

Nesta quarta-feira (20), autoridades chinesas divulgaram dados sobre a demanda e preços que indicam que o consumo de produtos como a soja e produtos de valor agregado continua crescente. A tendência é de que a procura por soja aumente ainda mais diante de uma necessidade maior da commodity para a produção de alimentação animal depois que os preços dos ovos e da carne de porco dispararam. 

Segundo números da consultoria Shangai JC Intelligence Co., desde 1º de abril, os preços dos ovos na província de Henan subiram 26%, enquanto os suínos apresentaram um incremento de 20% nas cotações. Com isso, na última semana, os processadores chineses de soja compraram 600 mil toneladas da oleaginosa para ser embarcada em 1º de setembro, de acordo com informações apuradas pela agência internacional Bloomberg News Survey. Além disso, os preços do farelo de soja no país subiram 13% nas últimas nove semanas. 

"A firmeza dos preços da soja no mercado interno chinês indicam que a demanda por soja em grão pode ser ainda maior", afirma Roy Huckabay, vice-presidente executivo do Linn Group, em Chicago. 

Somente nos quatro primeiros meses de 2014, o Brasil exportou para a China 4,99 milhões de toneladas de soja, volume 83% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. De uma forma geral, as compras chinesas de soja, entre janeiro e abril deste ano, somaram 21,85 milhões de toneladas, com um aumento de 41,3%. As informações são da Administração Geral de Alfândega chinesa.

O aumento das vendas brasileiras, de acordo com informações da agência de notícias Reuters, se deu por conta de melhores condições climáticas e também em função de um escoamento menos turbulento do que o que foi visto no ano passado, quando diversos cargos da oleaginosa foram atrasados e inúmeros navios faziam filas nos portos brasileiros para embarcar seus produtos. 

Assim, a tendência é que a participação do Brasil aumente nos próximos meses, já a partir de maio, uma vez que a oferta norte-americana é preocupantemente escassa e a logística do país parece fluir melhor nesta temporada. 

Argentina  

Outro fator que tem sido positivo para o mercado internacional da soja é o pouco avanço da colheita na Argentina. Em função das chuvas excessivas dos últimos dias, os trabalhos de campo estão atrasados e a colheita está concluída em apenas 70% da área. Em anos anteriores, nesse mesmo período, o índice era de 90%. O mesmo acontece com o milho, que tem apenas 30% da área colhida, contra a média de 60 a 70% dos últimos anos. Paralelamente, a comercialização no país vizinho também segue bastante lenta, com apenas 35% da safra já vendida. Ainda de acordo com Sebastian Galvada, os produtores argentinos têm optado por armazenar sua soja, esperar por melhores preços, principalmente em um momento em que o peso, a moeda local, está bastante depreciado frente ao dólar. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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