Recuo dos vendedores mantém soja em alta no mercado brasileiro

Publicado em 17/02/2014 12:51

A semana começa com um ritmo mais lento no mercado brasileiro de soja nesta segunda-feira (17) já que os negócios não contam com a referência da Bolsa de Chicago em função do feriado do Dia do Presidente comemorado nos Estados Unidos.

Os preços da soja pagos nos portos brasileiros, no entanto, seguem sustentados e variam entre R$ 70,00 e R$ 72,50 por saca. Entretanto, a pressão de oferta não é tão intensa, o mercado se mantém um pouco mais nominal nesta segunda e, caso haja um maior interesse por parte dos compradores, esses níveis podem ser elevados. Por outro lado, a demanda se mantém extremamente aquecida e a pouca soja que vem chegando aos terminais é rapidamente negociada e comercializada.  

Os prêmios para o vencimento março com o preço sobre o valor praticado na Bolsa de Chicago também seguem positivos, refletindo o intenso interesse da demanda mundial pelo produto brasileiro. "Esse é o fator que confirma que o mercado é mais comprador do que vendedor. O prêmio positivo em pleno pico de colheita é um fato que historicamente não ocorre, em 20 anos isso aconteceu em poucos momentos e isso é reflexo também do quadro americano de uma oferta mais curta e das perspectivas de que os Estados Unidos terão que comprar soja na América do Sul", explica Vlamir Brandalizze. 

"A pressão de venda dos produtores, praticamente, ainda não apareceu, os grandes compradores e exportadores estão cautelosos com o que vem pela frente já que alguns temem que essas chuvas que ocorreram nos últimos dias no Brasil poderiam derrubar levemente as cotações em Chicago e a maior parte está esperando para ver o que aconteceu nos campos", afirma o consultor da Brandalizze Consulting. 

Nesse último final de semana foram registradas algumas chuvas em regiões produtoras do Brasil, porém, ainda sem regularidade e volumes muito expressivos. Na semana passada, como explica a Climatempo, uma frente fria conseguiu romper o bloqueio atmosférico e provocou chuvas e uma queda de temperatura no Sul e Sudeste do país. A maior quantidade de precipitações foi registrada no Centro-Norte do Brasil, enquanto o Minas Gerais e Espírito Santo continuaram sob a influência da massa de ar quente e seco. 

Os benefícios que as lavouras tiveram com essas chuvas, no entanto, ainda estão sendo levantados e apurados por analistas e técnicos agrícolas. No entanto, a opinião sobre perdas irreversíveis significativas continua unânime e as projeções sobre a safra brasileira já se distanciam, segundo analistas, das 90 milhões de toneladas inicialmente esperadas. 

A situação mais grave é em Goiás. De acordo com os últimos números divulgados pela Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás), já há uma quebra consolidada de 1,4 milhão de toneladas e prejuízos na casa de R$ 1,3 bilhão. No Rio Grande do Sul, como explicou o professor e fisiologista Elmar Floss, as perdas no Rio Grande do Sul variam de 30 a 35% de acordo com as regiões, e a situação se repete no Paraná.

Como explicou o professor, as lavouras gaúchas tiveram as folhas da parte de cima queimadas, o primeiro terço dos pés de soja não apresentam bons resultados e as temperaturas muito altas promoveram um aumento da evapotranspiração, além de anteciparem a maturação da oleaginosa. 

"Nós já temos de 2 a 3 milhões de toneladas perdidas que não voltam com as chuvas", acredita Brandalizze. Porém, algumas lavouras que começarão a ser colhidas a partir de 15 de março poderão registrar melhores condições, e, em função desse atraso nas chuvas podem ter uma produtividade um pouco melhor. 

Frente a isso, os produtores e vendedores brasileiros têm se mantido mais reticentes na hora de efetivar seus negócios já que há perspectivas de preços ainda melhores por conta da oferta mais ajustada, assim, tratando a soja como um ativo financeiro. 

O produtor, como explica o consultor, segue um pouco mais cauteloso, mais interessado em segurar sua safra do que vender o que não está comprometido com insumos e vendas antecipadas. "Ele acredita que mais adiante as cotações devem evoluir". 

Por outro lado, os sojicultores devem estar atentos também com o aumento dos preços dos fretes nas regiões produtoras à medida que a colheita evolui no Brasil. Os valores do transporte da soja devem aumentar e, de acordo com Brandalizze, aquele produtor que puder segurar suas vendas para efetivá-las passando o pico da colheita e dos preços de frete deverá garantir melhor rentabilidade. 

"O produtor que não tiver dívidas e puder segurar, ele irá optar a soja como um ativo financeiro, que tende a ser um investimento que, normalmente, rende mais do que os investimentos em poupança ou aplicações de banco que não passam de 0,5% a 0,8 ao mês, enquanto a soja de safra e de período de entressafra - a partir de maio em diante - rende mais de 1% ao mês", acredita Brandalizze. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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