Soja fecha em alta na CBOT e sobe no mercado interno com seca no Brasil

Publicado em 07/02/2014 15:09 e atualizado em 07/02/2014 17:23

As altas registradas pela soja na Bolsa de Chicago nesta semana impactaram positivamente no mercado brasileiro e os preços da oleaginosa subiram nas principais praças de comercialização. Os futuros da oleaginosa, nesta sexta-feira (7), registraram a sétima sessão consecutiva de alta. Os principais vencimentos encerraram os negócios subindo mais de 5 pontos. Nesta quinta-feira (6), o preço da soja nos portos bateram nos melhores patamares da semana e chegaram, em Paranaguá, a R$ 70,00 e, em Rio Grande, a R$ 72,50 por saca, segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting. 

Analistas afirmam que o principal motivador das altas, nesse momento, é a escassez de soja nos Estados Unidos e a intensa demanda que continua voltada para a oferta norte-americana. As exportações de soja da última semana nos EUA somaram 796,5 mil toneladas, um volume 60% maior do que o registrado na semana anterior e 25% maior do que a média das últimas quatro semanas.

Além dos fundamentos de oferta e demanda muito positivos, o mercado observa também o desenvolvimento da safra da América do Sul e a severa estiagem que castiga as lavouras brasileiras nesse momento. Importantes regiões brasileiras produtoras de soja não recebem chuvas desde 15 de dezembro e, de acordo com as últimas previsões, as mesmas só devem chegar a esses locais depois de 15 de fevereiro. 

Já são quase dois meses de seca em áreas do Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. As lavouras que mais têm sofrido com esse cenário climático são as plantadas mais tarde e que, nesse momento, estão na fase de floração e enchimento de grãos, estágio em que a presença da água é fundamental.

A Somar Meteorologia informa que um bloqueio atmosférico tem segurado as frentes frias chuvosas sobre o Uruguai e a Argentina, impedindo o avanço delas pelo Brasil. Isso faz com que a maior parte das áreas produtoras passe por um prolongado período de tempo seco e quente.

No Paraná, de acordo com um levantamento inicial feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural do Estado do PR), 45% da área plantada com soja estão sob o risco da seca já as plantações estão em fase de maturação. Em cidades como Ponta Grossa e Guarapuava, por exemplo, 80% e 90%, respectivamente, das lavouras estão nessa fase crítica onde as precipitações são muito necessárias. 

"Essas condições aceleram o ciclo das lavouras, pode adiantar a colheita e isso tudo pode gerar perdas de produtividade. Essas temperaturas muito elevadas estão queimando as folhas e já há um processo de morte das plantas", explicou a engenheira agrônoma do Deral, Juliana Yagushi. 

No Vale do Paranapanema, em São Paulo, as perdas para a soja já chegam a 40% do potencial produtivo. Segundo informações do engenheiro agrônomo Roberto Massud, da Coopermota, afirma que as chuvas não chegam desde 27 de janeiro e novas precipitações estão previstas somente para depois de 22 de janeiro. Na região, 40% das lavouras estão em fase de maturação e 60% em estágio de enchimento de grãos. 

No caso de Goiás, as perdas no estado podem chegar a 15% da safra de soja, o que seria em torno de 1,4 milhão de toneladas, causando um prejuízo de R$ 1,3 bilhão aos produtores, de acordo com um levantamento da Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás). Choveu a metade do previsto para janeiro e a previsão é que as chuvas continuem abaixo da média nos meses de fevereiro e março.

Segundo a superintendente de Políticas e Programas da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sectec), Rosidalva Lopes, o fenômeno que se caracteriza no estado é chamado seca meteorológica. “O produtor que pretende plantar a safrinha precisar providenciar reservatórios de água para irrigação e estar atento às condições meteorológicas”, disse em um boletim da Faeg.  

Essa severa estiagem que ameaça boa parte da produção brasileira criou, segundo analistas, expectativas de preços ainda melhores para a soja tanto no mercado internacional quanto brasileiro. Frente à isso, os produtores têm evitado realizar muitas vendas, segundo explicou Vlamir Brandalizze, pois acreditam em um cenário ainda mais favorável para a comercialização mais adiante.

"Os vendedores 'sumiram' no Brasil e na Argentina. A soja se tornou um ativo financeiro muito bom, muito valioso. Então, o produtor acredita que seja melhor manter sua soja consigo e vendê-la aos poucos do que vender e investir no mercado financeiro", diz o consultor da Brandalizze Consulting. "O mercado, além de estar sustentado pela demanda, vê também essa falta de oferta", completa. 

Previsões do Tempo - A Somar Meteorologia informou, nesta sexta-feira (7), que novas frentes frias devem avançar pelo Sudeste e Centro-Oeste do Brasil a partir do dia 17 de fevereiro e pode aliviar as áreas agrícolas, principalmente, do Sudeste e Centro-Oeste. As localidades são fortes na produção de soja, milho e cana de açúcar. Já o cinturão do café, em Minas Gerais, deverá receber chuvas a partir do próximo dia 18. 

"Os modelos mais estendidos finalmente mostram uma mudança no padrão da atmosfera com o fim do bloqueio (atmosférico)", informou a Somar em seu relatório diário. "O sistema de alta pressão vai terminar em 10 dias, permitindo que as chuvas entrem primeiro no Sul, avançando até o Centro-Oeste. Mas precisamos ser cautelosos aos estimar grandes volumes. O pico da temporada chuvosa já passou em dezembro, janeiro e no início de fevereiro", disse à Reuters o meteorologista da Somar Márcio Custódio. 

A Climatempo disse ainda que essa onde calor intenso que atinge o Brasil deve chegar ao fim na próxima semana, entre os dias 13 e 15 de fevereiro. O sistema não chega ao Sudeste, mas abre o caminho para uma segunda frente fria, que deve influenciar a região a partir do dia 17 de fevereiro.

Leia também:

>> Chuvas aliviam seca no Sudeste e Centro-Oeste a partir de 17 de fevereiro, diz Somar

>> Onda de calor no Brasil deve chegar ao fim na próxima semana

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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