Grãos operam de lado em Chicago na manhã desta 5ª feira
Nesta quinta-feira (19), as cotações da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago, porém, a volatilidade continua bastante presente entre os negócios no mercado internacional. Ontem, a oleaginosa exibiu baixas de mais de 20 pontos no fechamento, pressionado por intensas realizações de lucros e hoje tenta uma recuperação. Por volta de 8h (horário de Brasília), as principais posições subiam pouco mais de 1 ponto. Os futuros do milho e do trigo também operam de lado.
O mercado sente a atuação de dois principais fatores, segundo analistas. Enquanto ainda encontra suporte nos fundamentos de uma relação de oferta e demanda bastante ajustada, tem seu potencial de alta limitado em função das boas expectativas de safra para a América do Sul.
Entretanto, como a atual situação dos fundamentos já é conhecida e ainda há incertezas sobre a produção sulamericana, principalmente em função do comportamento do clima, o mercado se comporta de forma bastante volátil. Essa característica é ainda mais acentuada com a proximidade do final do ano, quando os fundos optam pelas realizações de lucros de forma a garantir resultados positivos para seus investidores.
Nesta quinta-feira ainda, o mercado aguarda pelo relatório de registro de exportações a ser divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Como explicam analistas, caso os números venham acima das expectativas dos traders, esses podem ser uma fôlego para o mercado dar continuidade à recuperação.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira (18):
Realização de lucros interrompe altas da soja no mercado de Chicago
Os futuros da soja recuaram intensamente na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (18) e encerraram o dia com baixas de dois dígitos, refletindo um forte movimento de realização de lucros. Porém, entre os fundamentos ainda permanecem inalterados e positivos. "Se formou um cenário favorável para a tomada de lucros no mercado internacional", disse Glauco Monte, analista de mercado da FCStone.
O mercado, segundo analistas, também pressionado pelo bom desenvolvimento das lavouras sulamericanas, principalmente no Brasil e na Argentina, que reforçam as perspectivas de uma produção recorde da oleaginosa na América do Sul. Para a consultoria alemã Oil World, esse maior volume sulamericano na safra 2013/14 deverá aumentar os estoques globais de soja em 24% em relação à temporada anterior.
"Para que o mercado da soja sofra uma nova motivação de alta, nós teríamos que ter essa confirmação de piora do clima na América do Sul", disse o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest.
Araújo afirma ainda que, com isso, o produtor brasileiro deve ficar atento para aproveitar as melhores oportunidades de comercialização daqui para mais adiante. Em geral, nesse momento em que o clima está positivo, é uma boa oportunidade para vender porque com a confirmação do Federal Reserve de cortar os estímulos à economia americana repercute positivamente em uma alta do dólar e negativamente para as commodities, explica Araújo. Nesta quarta-feira (18) o Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês) nos EUA decidiu começar a reduzir os estímulos monetários no país a partir de janeiro. A redução nas compras de ativos mensais, atualmente em US$ 85 bilhões, começará em US$ 10 bilhões.
A alta da moeda norte-americana, como explica o analista, diminui a competitividade dos produtos dos Estados Unidos, uma vez que diminui o poder de compra dos países importadores e impacta de forma negativa no mercado de Chicago.
"Nesse momento, o produtor de soja do Mato Grosso tem um lucro líquido de R$ 509,00 por hectare e o do Paraná em R$ 1,074,00", diz Araújo, que explica que a diferença entre os dois valores se dá, principalmente, em função da logística e dos altos custos com transporte. Do norte do Paraná até o porto de Paranaguá, o valor do transporte entre R$ 80,00 e R$ 90,00 por tonelada, enquanto do norte do Mato Grosso ao mesmo porto esse valor sobe para mais de R$ 300,00.
Apesar dessa volatilidade e das recentes baixas registradas pelos preços em Chicago, o mercado ainda encontra suporte entre os fundamentos, principalmente na demanda mundial muito aquecida.
"Existem muitas situações de escassez no mundo, isso oferece mudanças, rupturas de sistemas, os ciclos já estão prestes a vencer, tudo tem uma maturidade e daqui pra frente é preciso ter muito cuidado. (...) As relações de preços entre os produtos estão muito desajustadas", explicou o consultor de mercado do SIM Consult, Liones Severo.
Para o consultor, esse é um momento de o produtor observar o mercado, já que em dezembro os preços não devem avançar muito mais e janeiro será um mês de cotações mais fracas. Severo afirma que será preciso também ver como irá se comportar a escassez norte-americana de soja e ainda a relação entre os valores de soja, milho e trigo.
Milho - Ainda nesta quarta, os futuros do milho fecharam a sessão com ligeiras baixas. O mercado foi pressionado pelas notícias de que a China rejeitou mais 500 mil toneladas de milho transgênico da variedade MIR-162, além da previsão Informa Economics de uma maior área plantada com o cereal na próxima temporada.
A consultoria revisou para cima suas projeções para o plantio de milho de 37,03 milhões de hectares para 37,15 milhões de hectares. Para a soja, por outro lado, a Informa reduziu sua perspectiva de área de 33,91 milhões para 33,14 milhões de hectares.