Soja: com correção técnica, mercado volta a subir em Chicago
Depois de algumas sessões de baixa, os preços da soja no mercado internacional voltaram a subir. No pregão eletrônico desta quarta-feira (2), por volta das 8h30 (horário de Brasília), os principais vencimentos subiam entre 2 e 5 pontos era de mais de 14 pontos. Já o milho trabalhava do lado negativo da tabela, com perdas de de menos de 2 pontos nas posições mais negociadas.
O mercado passa por uma correção técnica depois das últimas quedas. Segundo analistas, as cotações da soja sentem a pressão do avanço da colheita no Estados Unidos e, consequentemente, a entrada de um novo produto no mercado. "Nós já prevíamos que no momento da colheita nós teríamos pressão nos preços, vai entrando soja e vai entrando oferta", disse o consultor em agronegócio Ênio Fernandes.
O mercado recua também frente à paralisação do governo americano com o impasse sobre o aumento do teto da dívida fiscal dos EUA. As incertezas sobre o futuro da principal economia mundial aumenta a aversão ao risco por parte dos investidores, os quais acabam deixando suas posições em ativos mais arriscados, como as commodities agrícolas, para migrarem para outros mais seguros.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Impasse no governo americano pressiona e soja fecha no vermelho
A soja fechou os negócios desta terça-feira (1) em queda na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas no mercado internacional encerraram o dia com baixas de dois dígitos, entre 14 e 15 pontos. O milho acompanhou o recuo e também fechou do lado negativo da tabela. Já os futuros do trigo terminaram o dia em campo misto, com cotações predominantemente mais altas.
Para o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, o mercado deu continuidade às fortes quedas registradas na sessão anterior, ainda observando o aumento reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nos estoques de passagem do país, tanto da soja quanto de milho. "Houve uma inércia do movimento de queda", disse.
Ao mesmo tempo, os preços da soja ainda refletem as projeções de uma possível melhora nas taxas de produtividade da oleaginosa nas lavouras norte-americanas em função das últimas chuvas que chegaram ao Corn Belt. Na pouca área que já foi colhida nos EUA, 11% até o último domingo (29), os primeiros indicativos, segundo Ito, já traziam essa melhora.
Entretanto, números mais concretos sobre esse rendimento deveriam ser reportados no relatório de oferta e demanda que o USDA traria no próximo dia 11 de outubro, um dos mais importantes boletins do ano. Porém, com a paralisação do governo norte-americano por conta da falta de acordo sobre a elevação do teto da dívida fiscal do país compromete essa divulgação e a definição de um rumo para os negócios.
Além disso, o cenário de incertezas na economia americana aumenta a aversão ao risco por parte dos investidores, que acabam deixando suas posições em ativos mais arriscados como as commodities agrícolas. "O mercado olha para isso como uma forma de elevação à aversão ao risco (...) alguns analistas estimam que isso possa reduzir o PIB norte-americano, neste trimestre, em torno de 0,9% e causar uma redução de até 1,6% no PIB do ano caso esse período sem uma resolução se estenda por mais tempo", afirma o analista.
Sem a referência dos números do USDA e com esse aumento da aversão ao risco, ainda segundo Ito, a tendência é que os fundos de investimento - que detinham cerca de 150 mil contratos comprados na soja - comecem a vender parte de suas posições, realizando lucros. "Eles começaram a liquidar e eu acredito que isso ajudou a exacerbar a queda". Nesta terça, a página do USDA saiu do ar e deverá se manter assim até que seja resolvido o impasse fiscal no país.
As baixas menos expressivas registradas pelo mercado do milho refletem um movimento somente de correção técnica dos preços, haja vista que já vinham caindo há mais tempo do que os da soja e agora buscam se estabilizar. "O milho começou a ceder desde o meio do ano e, praticamente, não participou do rally de agosto. Os fundos viraram a mão, começaram a vender milho, estão vendidos em, aproximadamente, 116 mil contratos, mas ainda estão comprados em 126 mil na soja. Então, essa disparidade é o que está causando, com a liquidação dessas posições, uma maior pressão vendedora na soja em relação ao milho", completa.