Soja opera de lado entre pressão da colheita e demanda aquecida
Nesta segunda-feira (23), o mercado internacional de soja inicia mais uma sessão sem um direcionamento certo. Por volta das 7h50 (horário de Brasília), os preços dos vencimentos mais negociados trabalhavam em campo misto, com oscilações bem pouco expressivas.
De um lado, há analistas e especialistas que ainda apostam em uma recuperação das lavouras após as chuvas que chegaram ao Meio-Oeste nas últimas semanas. Porém, as previsões para os próximos dias é de que haja mais seca no Corn Belt, segundo institutos norte-americanos de meteorologia. Ao mesmo tempo, apesar de castigar algumas plantações, essas condições de tempo mais seco para o avanço dos trabalhos de colheita da nova safra.
De acordo com Luke Mathews, analista de um banco de investimentos internacional, a colheita da soja já começou em algumas regiões e os reportes de produtividades estão trazendo números melhores do que vinham sendo esperados pelo mercado. "O mercado da soja continuará confuso entre a pressão da entrada da colheit dos EUA, as mudanças nas estimativas de produção e os resultados expressivos das exportações norte-americanas", disse.
Também operando sem muita movimentação, os futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago, por volta das 8h10, operavam em campo negativo, perdendo pouco mais de 1,50 ponto. Já o mercado do trigo operava no mesmo compasso da soja, com pequenas altas.
Veja como fechou o mercado na última sexta-feira (19):
CBOT: Mercado foca clima melhor nos EUA e soja recua mais de 20 pts
A soja fechou os negócios do último pregão da semana com mais de 20 pontos de baixa. O mercado deu continuidade ao movimento negativo iniciado há alguns dias em função da ocorrência de chuvas no Meio-Oeste norte-americano. O contrato novembro/13, referência para a nova safra dos EUA, ficou em US$ 13,15 por bushel, recuando 24,25 pontos.
Os principais estados produtores do Corn Belt vêm recebendo importantes precipitações e poderiam registrar, segundo alguns analistas, uma recuperação nos índices de produtividade, principalmente nas lavouras mais tardias. No entanto, as opiniões sobre essa possibilidade de reversão no quadro de prejuízos ainda estão bem divididas e não permitem que os negócios no mercado sigam por um caminho bem definido.
"Essa é uma situação que ainda está bem incerta, o mercado segue em dúvida (...) Mas uma coisa é certa, estamos entrando em um período mais baixista, a colheita (do milho) começa a se estender na parte sul do Meio-Oeste e reportes de produtividade até melhores do que se esperava. Já há alguns reportes para a soja também, que têm vindo 'mistos', mas o mercado vai esperar um avanço dessa colheita rumo ao norte para realmente começar a precificar uma melhora ou não desses rendimentos", explica Stefan Tonkiw, analista de mercado da Jefferies Corretora.
Segundo Antônio Domiciano, da SmartQuant Fundos de Investimentos, a tendência técnica para o mercado internacional da soja ainda é indefinida no médio prazo dentro de uma análise gráfica.
"Apesar de a soja ter subido nos últimos dias ter subido, ela está novamente tentando descer. O contrato dezembro está em US$ 13,26 e essa região é um ponto importante pois, abaixo desse patamar, ela vai testar novas quedas", explica.
Por outro lado, caso consiga uma recuperação, os preços deverão buscar bater novamente na máxima de US$ 14,50 atingida anteriormente. "Na análise gráfica está acontecendo uma briga muito forte entre compradores e vendedores e algum rumo os preços devem tomar, mas ainda não é possível dizer qual será esse rumo", diz Domiciano.
Por outro lado, entre os fundamentos, a demanda bastante aquecida, principalmente por parte da China é um importante fator de sustentação para os preços, senão o mais importante, de acordo com os analistas de mercado. "Temos visto um ritmo muito forte de demanda, até mais forte do que se observou no ano passado. A China tem sido bastante agressiva na compra de soja dos EUA e isso oferece uma sustentação", diz Tomkiw.
Outro fator que também exerce influência sobre os preços é a movimentação dos fundos e dos especuladores no mercado. Segundo explicou Tomkiw, os fundos ainda mantêm suas posições compradas, acreditando que o mercado possa subir um pouco mais, no entanto, é um movimento bem especulativo. "Uma situação que temos percebido do lado mais especulativo do mercado, desses participantes de fundos de investimentos, é de que eles não sentem tanta confiança em carregar posições compradas nesse curto prazo pela entrada dessa nova oferta. Isso traz uma pressão baixista, naturalmente, e eles não querem ser pegos no contrapé com essa entrada mais forte da nova safra", completa.