Clima melhora nos EUA e soja fecha com forte queda na CBOT
A soja fechou o pregão regular desta segunda-feira (16) com baixas de mais de 30 pontos na Bolsa de Chicago. O mercado refletiu um movimento de correção técnica do mercado e as chuvas que chegaram ao Meio-Oeste norte-americano no último final de semana. Analistas afirmam que, apesar de insuficientes para reverter os danos causados pela estiagem, este foi um fator importante para o recuo registrado nesta sessão.
Nos últimos dias, houve registro de chuvas em vários estados do Corn Belt norte-americano, de Illinois ao Nebraska. Em alguns locais, as precipitações chegaram a 25 mm, como na Dakota do Norte, Minnesota e Wisconsin. Assim, segundo a Bloomberg, os preços recuaram para seus menores patamares em uma semana na CBOT. Previsões de que mais chuvas possam acontecer do meio da semana em diante também pesaram sobre o mercado.
"Ainda estamos vivendo o mercado climático na Bolsa de Chicago. Isso porque ainda não teve soja em bom volume sendo colhida e entregue, e ainda não se sabe sobre a real produtividade, só há especulações sobre isso. Quando há chuvas no final de semana e há previsões para os próximos dois ou três dias, os operadores dão ordens de venda", afirma Ênio Fernandes, consultor em agronegócio.
Para Fernandes, em mais duas ou três semanas deverá acontecer o início da entrada da nova safra norte-americana e então o mercado climático começa a perder sua importância e os demais fatores, principalmente oferta e demanda, começarão a atrair a atenção dos investidores. Essa pressão sazonal é colocada também pelo analista de mercado Steve Cachia, da Cerealpar. “A entrada do produto dos EUA no mercado tende a pressionar, sazonalmente, as cotações futuras”, diz.
No entanto, apesar desse registro de chuvas, porém, de chuvas ainda insuficientes para reverter os danos causados pela seca, o mercado aguarda também por mais um relatório que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta terça-feira (17). O boletim trará números sobre as estimativas para área plantada no país e a expectativa do mercado é de que seja menor do que a estimada no início do plantio em função das condições adversas de clima, o que deverá ser mais um fator de alta para o mercado caso isso se confirme.
“Esse número pode ser uma luz para o mercado. A perspectiva do mercado é que a área seja menor do que o anunciado pelo departamento no relatório de setembro. Entretanto, não é de imediato que o USDA aceita os números, o que continua deixando o mercado incerto e especulado”, explica o analista.
Assim, caso se confirme uma área menor no país, o mercado já começa a trabalhar com a hipótese de estoques ainda mais apertados do que anteriomente previsto, segundo analistas.
"O mercado trabalha com uma redução de 1 a 2 mil acres, uma redução acima disso pode estimular um rally para os preços. Com uma produtividade menor projetada na última quinta-feira e uma redução de área, teríamos uma redução dos estoques de passagem também, o que seria um fator de alta para os preços", disse João Schaffer, analista da Agrinvest. "E para o relatório de condições de lavouras estamos trabalhando com uma queda de 1 a 3% nas condições boas ou excelentes das lavouras norte-americanas", completa.
Os analistas afirmam ainda que as baixas do mercado deverão ser pontuais, uma vez que a situação dos estoques norte-americanos deverá ser bastante ajustada em um ano em que a demanda, somente da China, está estimada para ser maior em 10 milhões de toneladas neste ano comercial, com compras de cerca de 69 milhões de toneladas na temporada atual.
"O mercado não vai despencar ladeira abaixo, mas também não subirá como um foguete. Preços para o novembro abaixo de US$ 13/bushel ou para maio menores do que US$ 12 seriam uma surpresa. Então, acredito que os produtores devem observar os melhores momentos para realizar suas vendas e, com certeza, suas margens de renda serão garantidas", disse Ênio Fernandes.
Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento desta segunda-feira: