Chicago: Financeiro turbulento preocupa e soja fecha com quase 30 pontos de baixa
Publicado em 08/05/2012 17:34
Nesta terça-feira (8), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago tiveram a maior baixa desde janeiro, encerrando o dia com quedas de quase 30 pontos nos contratos mais próximos.
De acordo com analistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, a oleaginosa foi severamente pressionada por preocupações com a situação da economia europeia e com a intensificação dos temores de que a dívida na Zona do Euro irá reduzir o ritmo do crescimento econômico mundial, comprometendo a demanda por commmodities.
Paralelamente, o dólar estendeu seu mais longo rally desde 2008 frente ao euro com a possibilidade de a Grécia se tornar o primeiro país em desenvolvimento a não conseguir honrar seus compromissos financeiros, gerando um default (o chamado calote).
O nervosismo visto no cenário macroeconômico esta semana está sendo explicado como um reflexo do resultado das eleições presidenciais na Grécia e também na Franca, com temores de que com novos governantes o pacto de austeridade fiscal firmado no início do ano esteja ameaçado.
Todo este quadro de incertezas e preocupações com o crescimento mundial influenciando diretamente nas perspectivas para a demanda encorajou os investidores a se retirarem do mercado de commodities, o qual é bastante volátil, fazendo a soja registrar um agressivo recuo depois das máximas em 45 meses vistas nas últimas semanas. A oleaginosa chegou a bater os US$ 15 por bushel.
Com isso, o vencimento maio, referência para a safra brasileira, acabou perdendo o importante patamar psicológico dos US$ 14,50 por bushel, trazendo ainda mais dúvidas para o mercado.
Os investidores mostram-se mais avessos ao risco frente a ausência de novidades entre os fundamentos, que, apesar de tudo seguem positivos. A demanda segue aquecida e a oferta de soja ainda é bastante restrita. Com isso, as realizações de lucros são inevitáveis.
O quadro delicado se completa com a proximidade da divulgação do relatório de oferta e demanda mundial do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que acontece nesta quinta-feira (10).
Os dados do departamento norte-americano são os oficiais e por isso, mesmo que às vezes sejam contrariados por alguns analistas, influenciam bastante nos negócios em Chicago. Por conta dessa influência, os investidores buscam um melhor posicionamento antes do relatório, o que também contribui para a volatilidade do período que precede a divulgação.
Agentes de mercado apostam em um novo corte para a safra de soja da América do Sul, bem como nos estoques dos Estados Unidos, informações que poderiam provocar novas altas dos preços futuros. A colheita de soja argentina, antes prevista em 49 milhões de toneladas, não deve passar dos 42 milhões, de acordo com expectativas.
Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento desta terça-feira:
Por: Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas