Soja: Mercado inverte movimento e fecha em queda nesta 3ª feira na Bolsa de Chicago

Publicado em 21/05/2019 17:38

Os preços da soja mudaram a direção do pregão desta terça-feira (21) e fecharam o dia em queda na Bolsa de Chicago. Os principais contratos terminaram o dia perdendo pouco mais de 9 pontos, com o julho fechando o dia com US$ 8,22 por bushel e o agosto, US$ 8,28. 

O mercado internacional vinha operando em alta, refletindo os problemas de clima e de atraso do plantio nos EUA - que ainda são uma grande preocupação e um importante fator de suporte para os preços - mas passou a especular questões políticas e sentiu a pressão. 

A agência internacional de notícias Bloomberg informou, no início da tarde desta terça-feira (21), que o governo do presidente Donald Trump estaria preparando o anúncio de uma nova rodada de ajuda aos produtores norte-americanos que vêm sofrendo com os impactos da guerra comercial com a China. Tal anúncio poderia sair até quinta-feira, dia 23 de maio, e de acordo com a agência, o volume de recursos poderia passar de US$ 15 bilhões.

Os pagamentos feitos aos agricultores seriam maiores do que os do ano passado e chegariam a US$ 2,00 por bushel para a soja, 63 cents de dólar/bushel para o trigo e 4 cents por bushel de milho. 

Na sequência, a Reuters veio desmentindo as informações, dizendo que mais detalhes ainda não foram oficialmente divulgados. A Bloomberg, mais uma vez, confirmou suas informações. 

As informações, porém, precisam ser detalhadas e oficializadas, como explicamn analistas e consultores internacionais. Confirmado esse pagamento maior para a soja os preços poderiam ser ainda mais pressionados no mercado norte-americano. 

"Isso terá que ser explicado muito melhor, porque se o governo for realmente for dar US$ 2,00 por bushel de soja e US$ 0,04 pr bushel de milho, ninguém mais planta milho nos EUA, todo mundo planta soja a partir de junho, quando o clima melhorar", diz o diretor da ARC Mercosul, Tarso Veloso, direto de Chicago ao Notícias Agrícolas. 

Leia mais:

>> Mídia internacional diverge sobre novo pacote de ajuda de Trump a produtores americanos

Além disso, Veloso explica ainda que mais do que as especulações sobre estes subsídios, o que ajudou a pressionar ainda mais os preços em Chicago foram os rumores - ainda não confirmados - de que os chineses irão, de fato, cancelar a compra de 7 milhões de toneladas feitas nos EUA nos últimos meses.

CLIMA NOS EUA

O Meio-Oeste americano deverá continuar enfrentando mais dias de chuvas intensas e frio nas próximas semanas. As condições deverão manter os trabalhos de campo ainda em ritmo bastante lento e, consequentemente, atrasados. 

O plantio da soja evoluiu, em uma semana, de 9% para 19% da área americana, enquanto as projeções dos traders variavam de 17% a 25%. As médias esperadas por especialistas internacionais eram de 22%; 17% e 21%. No ano passado, nessa mesma época, os EUA já tinham 53% da semeadura concluída e a média dos últimos cinco anos é de 47%. 

Agora, os analistas, consultores e, principalmente os produtores norte-americanos se questionam sobre seu potencial produtivo e as perdas de rendimento que podem registrar em função do atraso nos trabalhos de campo e da continuidade das adversidades climáticas. 

O mapa que mostra a previsão das temperaturas nos EUA nos próximos sete dias da DTN The Progressive Farmer mostra que ainda há um contraste entre o frio do Oeste e o calor do leste continua. 

"E esse contraste contribui para a formação de tempestades e chuvas fortes que podem manter o plantio 2019 de muitos locais ainda parado", diz o meteorologista da agência internacional, Bryce Anderson. 

No mapa de chuvas, os próximos sete dias são esperados com acumulados ainda muito altos no Oeste e no Centro do Corn Belt, com volumes que podem variar entre 100 e 150 mm. Nas demais áreas, acumulados que podem ficar entre 25 e 50 mm. "Temos atrasos crônicos no plantio", lamenta o especialista. 

 

Saiba mais:

>> Tornados e tempestades atingem sul do Cinturão de Produção dos EUA

MERCADO NO BRASIL

No Brasil, os preços subiram no interior do país, mas recuaram nos portos. A baixa forte do dólar intensificou a pressão vinda do mercado em Chicago e as referências cederam entre 0,62% e 0,75% e terminaram o dia entre R$ 79,00 e R$ 80,50 por saca no spot e nos indicativos para junho. 

No interior, altas de até 1,13%, como foi o caso de Sorriso, em Mato Grosso, onde a soja disponível terminou a terça-feira com R$ 62,70 por saca. 

A moeda americana terminou o dia com baixa de 1,39% e valendo R$ 4,0478. De acordo com a Reuters, esta é a mais intensa baixa da divisa em quase 4 meses. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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