Lideranças indígenas prometem enviar mais de 20 mil guerreiros para apoiar conflito em Antônio João-MS
Confronto entre índios e produtores rurais durante o último final de semana no município de Antônio João (MS), resultou na morte de um indígena e o clima que já era tenso na localidade pode se agravar nas próximas horas. Uma carta que circula na internet, resultado de uma assembleia do povo Terena motivou novos apoios ao movimento. Os povos Guarani-Kaiowá prometeram enviar mais de 20 mil guerreiros (as) para apoiar a RESISTÊNCIA DE TEKOHA ÑANDERU MARANGATU-ANTONIO JOÃO. Segundo a nota, frente ao ataque terrorista dos fazendeiros e políticos anti-indígenas, todos os povos indígenas se preparam para lutar e enfrentar os pistoleiros/fazendeiros cruéis.
SEGUE A NOTA DE GUERREIROS DE POVO TERENA:
Conselho do Povo Terena
Hánaiti Ho'únevo Têrenoe
Grande Assembleia do Povo Terena
Nós lideranças Terena estamos de luto juntamente com o povo Kaiowá e Guarani. A Terra IndígenaÑande Rú Marangatú é território sagrado que há muito tempo vem sendo palco de matança de lideranças indígenas – MARÇAL DE SOUZA TUPÃ'I em 25 de novembro de 1983; DORVALINO ROCHA em 24 de dezembro de 2005 e SIMIÃO VILHALVA em 29 de agosto de 2015.
Ñande Rú Marangatú é território tradicional demarcado e homologado e o povo Kaiowá não está na posse de sua terra por conta de sistemáticos recursos interpostos nas instâncias judiciais pelos ruralistas que estão acostumados com a impunidade. Em 2005 o Supremo Tribunal Federal liminarmente suspendeu os efeitos do decreto de homologação, e há 10 anos esta decisão liminar “paira”, sendo que o ministro Gilmar Mendes propositadamente não coloca o processo para julgamento.
Nós lideranças Terena reafirmamos que não iremos recuar e continuaremos lutando até o último hectare de território tradicional que nos pertence. Este Estado bandido nega aos povos indígenas o nosso bem maior – nossa TERRA MÃE – e tenta vender ao mundo a falsa realidade de que estamos bem, promovendo jogos indígenas enquanto nossas crianças passam fome e nossos líderes são mortos.
Repudiamos e denunciamos os parlamentares senador Waldemir Moka (PMDB), deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) e deputada federal Teresa Cristina (PSB), que ao invés de pautarem-se pelo princípio da imparcialidade e legalidade, planejaram e executaram o ataque a comunidade indígena resultando na morte de uma liderança e várias mulheres e crianças feridas.
Exigimos do Ministério da Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal rigor na apuração dos fatos e total empenho para que a investigação não fique a cargo do “poder político local” submetido aos ruralistas.
Repudiamos essa “burguesia colonizada” de Mato Grosso do Sul que juntamente com os ruralistas noticiam de forma comemorativa a morte de nossa liderança. Que se esquecem que antes de ganharmos o rótulo de “índios” e “não índios” somos seres humanos filho de Itukó'oviti.
Por fim, reafirmamos que Ñande Rú Marangatú é questão de honra para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul e por isso não iremos recuar!
Conclamamos todos os guerreiros Terenas a se juntarem aos Guarani e Kaiowá para concluir a autodemarcação desse Tekohá!
E decidimos: Se o governo federal não punir os executantes e mandantes desse homicídio, nósTERENA, vamos dar uma resposta à altura para os ruralistas e iniciar imediatamente a autodemarcação de TODO NOSSO TERRITÓRIO!!!
Povo Terena,
Povo que se levanta!
Terra Indígena Buriti
Terra Indígena Cachoeirinha
Terra Indígena Taunay-Ipegue
Terra Indígena Nioaque
Terra Indígena Lalima
Terra Indígena Pilad Rebuá
Imagens publicadas na página do Facebook da comunidade indígena Aty Guasu
Imagens publicadas na página do Facebook da comunidade indígena Aty Guasu
Também no Facebook, veja o depoimento do Deputado Federal Henrique Mandetta/DEM-MS que estava no local tentando intermediar o conflito e presenciou parte dos acontecimentos:
Meus caros , hoje o dia foi tenso por aqui. Fui chamado pelo Senador Moka e Deputada Tereza Cristina para uma reunião no sindicato rural de Antônio João em razão de propriedades invadidas por índios desde semana passada. Ao chegar, me deparei com uma reunião de duzentos produtores, a presidente do sindicato rural e proprietária de uma das fazendas pegou o microfone antes de qualquer pessoa, fez um desabafo sobre a situação de descrença nas autoridades e chamou a todos para irem a fazenda retomar a sede. Todos se levantaram e mais de cem veículos foram a fazenda. Moka e Tereza foram buscar as forças de segurança para intervir nos locais de conflito. Eu liguei ao Presidente Eduardo Cunha (que está em NY) e o informei que iria como parlamentar tentar mediar o conflito. Nenhuma força policial acompanhou. Chegando lá pedi calma e clamei por dialogo. Tive arma apontada na cabeça pelos índios até acalmá-los. Não tive sucesso por mais de uma hora. Os proprietários entraram no peito e os índios saíram após uma batalha campal. Consegui ligar para a casa civil e pedi a presença da segurança. Após duas horas chegou a força nacional. Só que o conflito migrou para outra sede e a troca de tiros rolou de ambos lados. Quando lá cheguei o clima era tenso mas controlado. Ouviu-se um tiro numa mata a 800 metros e dez minutos depois os índios trouxeram um corpo que diziam ter sido alvejado. Me coloquei como médico e fui até o local. O cadáver de um homem já em rigidez cadavérica foi jogado na estrada. Fiquei ilhado entre eles. Após negociação consegui que o comandante da força nacional estabelecesse um espaço entre eles e sai de lá por volta das cinco horas. Cheguei em casa agora. Gravei e narrei muitas cenas. O campo explodiu por aqui. Parece que a mensagem ficou clara: governo fraco, ONGs , CIMI ( igreja católica) , FUNAI, contra os proprietários, que estão em estado de resistência e vão se defender. Falta Ordem. Muito triste.”
Assista também ao vídeo gravado pelo deputado:
'Não queremos heróis nem bandidos', diz Azambuja sobre conflito indígena
Durante a primeira reunião de planejamento de ações militares na região de Antônio João, a 301 km de Campo Grande, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) disse que o objetivo é quebrar o clima de tensão na região de fronteira do Brasil com o Paraguai.
"Todos nós aqui temos um lado, que é o lado da legalidade, para que as coisas possam ocorrer dentro da normalidade. Não queremos heróis e nem bandidos, como alguns aí, infelizmente, se colocam de um lado ou de outro. E nosso lado aqui é estabelecer o estado de paz, de ordem em Mato Grosso do Sul, e nós vamos ter isso com a presença do Exército coordenando as ações conjuntamente com as forças", ressaltou.
Fazendeiros e indígenas estão sob clima de tensão há cerca de duas semanas, quando um grupo de 80 indígenas ocupou cinco propriedades em Antônio João. No último sábado (29), um indígena foi morto em conflito durante a retomada das propriedades. O indígena estava perto de um córrego, dentro de uma das fazendas invadidas, quando foi atingido por tiros.
Leia a notícia na íntegra no site G1 - MS
Durante velório, cacique garante que indígenas não deixarão fazendas
O cacique Guarani Kaiowá, Orestino Fernandes, de 52 anos, disse nesta segunda-feira (31), durante o velório de Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos, que os indígenas não querem as benfeitorias das fazendas invadidas em Antônio João, no entanto, não abrem mão da terra de seus ancestrais. Ele garantiu que os índios não deixarão as propriedades rurais.
De acordo com o cacique Orestino, 3 mil índios ocupam cinco fazendas em Antônio João. Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que são 1,2 mil indígenas na região.
Mariano Fernandes Vilhalva, 40 anos, irmão de Semião, contou que estava próximo ao Córrego Estrelinha, quando ouviu um disparo de arma de fogo e viu seu irmão despencar de uma altura de aproximadamente dois metros, em um barranco. Ele relatou que correu para socorrer Semião e se deparou com ele baleado no rosto.
O irmão da vítima contesta a versão do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) de que o indígena teria morrido há alguns dias. Mariano garante que encontrou o irmão ainda sangrando.
Leia a notícia na íntegra no site do Correio do Estado
Militares do Exército chegam a área de conflito e estudam local para base
Equipe do Exército do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada de Bela Vista já está na região de Antônio João, distante 279 quilômetros de Campo Grande. O capitão acompanhado de três soldados foi até uma das propriedades rurais ocupadas conversar com o comandante da Força Nacional para saber onde será montada a base dos militares.
Leia a notícia na íntegra no site Campo Grande News.
Governo pede ajuda à Presidência e Exército terá poder de polícia em MS
Semelhante ao que acontece nas favelas do Rio de Janeiro quando a tensão entre traficantes, população e polícia sai do controle, o Exército Brasileiro vai atuar com poder de polícia em Mato Grosso do Sul. A decisão foi tomada hoje (31) pelo governador Reinaldo Azambuja em reunião estratégica com forças de segurança. Decreto que solicitará ao Governo Federal a ajuda do Exército será preparado ainda nesta segunda-feira.
Depois da reunião que durou mais de duas horas e teve a presença do secretário de segurança, Silvio Maluf, o general do Exército e comandante do Comando Militar do Oeste (CMO), Paulo Humberto César de Oliveira, o secretário de Governo, Eduardo Riedel e os deputados Junior Mochi (PMDB) e João Grandão (PT), a decisão foi de pedir ajuda para acabar com o conflito, principalmente na região de Antônio João, onde há cinco fazendas ocupadas por indígenas desde o dia 22 deste mês.
Para que o Exército atue com poder de polícia e possa patrulhar, revistar e prender em flagrante, o Governo do Estado precisa fazer um decreto solicitando Lei e Ordem. Com isso, abre-se o precedente para o pedido ao Governo Federal, que tem tudo para ser aprovado.
Leia a notícia na íntegra no site do Correio do Estado
MS pede ação do Exército em área de conflito entre indígenas e fazendeiros
O governo de Mato Grosso do Sul quer que o Exército atue na área de conflito entre indígenas e fazendeiros na região de Antônio João, a 301 km de Campo Grande, onde um indígena foi morto a tiros no sábado (29). A informação foi divulgada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) nesta segunda-feira (31), após reunião com representantes da segurança pública.
O pedido foi feito à Presidência da República em ofício encaminhado à Brasília (DF), por email, nesta manhã. Segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, no sábado (29), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em contato com o governador, antecipou que a presidente Dilma Rousseff vai assinar um decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que autoriza o deslocamento de tropas do Exército para a região.
"Queremos distensionar o ambiente de conflito e poder restabelecer a paz e o diálogo. Queremos estabelecer o lado da paz e da ordem dentro de Mato Grosso do Sul. Nós vamos ter isso com o Exército coordenando as forças de segurança pública, a Polícia Federal, a Força Nacional e as polícias Militar e Civil do Estado”, afirmou Azambuja.
Leia a notícia na íntegra no G1 - MS
Governo quer identificar pessoas que estimulam conflito entre índios e fazendeiros
O governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), quer identificar pessoas que estimulam os conflitos entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul. Nesta segunda-feira (31), Reinaldo se reuniu com o Exército e a Polícia Federal, para discutir estrategias de atuação na região de Antonio João.
Leia a notícia na íntegra no site Aquidauana News
Assista também: » Prefeito de Antônio João-MS relata situação no município após a morte de um indígena no último final de semana