No Blog Questão Indígena: Produtores rurais da Suiá-Missú retomam área de onde foram expulsos pela Funai
Reportagem da jornalista Camilia Nalevaiko, publicada no portal Agência da Notícia, conta que os produtores rurais que foram expulsos pelo Governo da área da antiga Fazenda Suiá-Missu estão retomando suas terras. A área foi demarcada como indígena em um dos processo fraudulentos da Funai e os agricultores foram expulsos no final de 2012.
De acordo com a vice-prefeita de Alto Boa Vista Irmã Irene, as famílias estão voltados para as terras. “Estamos nos organizando e voltando para as terras, já se passou um ano e até agora não recebemos nada do Governo Federal e não vamos mais viver na miséria como estamos vivendo”, disse.
Há cerca quinze dias a Polícia Federal e a Força Nacional deixaram o local. Os funcionários da Funai que ficaram na área chegaram a entrar em um princípio de confronto com os produtores ruais e tiveram uma câmera fotográfica e alguns equipamentos sequestrados ao tentarem registrar a retomada branca.
Até o momento não houve reforço policial, as famílias estão seguindo para o Posto da Mata de onde devem seguir para suas terras. “Nós não vamos ficar morrendo de fome e vivendo na miséria. Nós não podemos pagar por um erro do Governo que nos abandonou”, disse um dos produtores que já está na área à jornalista.
Depois que os produtores rurais foram expulsos a área foi entregue aos índios Xavante que costumam patrulhar a área armados com espingardas de caça. A chance de um ação violenta dos índios contra os produtores é grande.
Funai presta contas ao Parlamento Europeu sobre o processo de expulsão de agricultores de área demarcada no Maranhão
Na última quarta-feira, dia 22, a Funai apresentou no Parlamento Europeu a chamada política brasileira de promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas, com foco na demarcação de terras. O exemplo apresentado foi a versão oficial da Funai para o processo de expulsão dos agricultores da Terra Indígena Awá, no Maranhão.
A Funai que constantemente se recusa a comparecer no Congresso brasileiros para prestar informações, atendeu ao convite de representantes do Parlamento Europeu comparecendo à conferência da qual também participaram o Ministério das Relações Exteriores, representante da OIT, políticos europeus e ONGs.
Além de conferir dados oficiais e esclarecimentos sobre a situação do povo Awá, o evento reforçou os avanços da politica indigenista brasileira e a importância do apoio institucional da União Européia. Várias das ações da Funai no Brasil são financiadas com recursos doados pelo Banco Alemão KfW.
Ressaltou-se que a proteção das terras e povos indígenas está relacionada com o respeito aos direitos humanos e proteção ambiental, com significativa interlocução com sistemas e organismos internacionais de direitos humanos.
Já a expulsão de gente pobre decorrente desse processo não está relacionada com nada.
Dilma Rousseff não manda na política indigenista brasileira
O novo mecanismo de interação do Questão Indígena com o leitor, o Fale Conosco, já está dando resultado. E que resultado!! Recebemos documentos que evidenciam uma relação íntima do núcleo indigenista do Governo com a jornalista Miriam Leitão. Ao que parece, Miriam tem mais influência no Palácio do Planalto do que a Senadora Katia Abreu e o Deputado Weverton Rocha.
A informação recebida pelo QI evidencia que Miriam Leitão viu, ainda no ano passado, o plano de desintrusão e de reassentamento dos agricultores que estão sendo expulsos da Terra Indígena Awá-Guajá. O acesso ao plano foi formalmente solicitado por meio de ofícios, tanto pela Senadora Katia Abreu, quanto pelo Deputado Weverton Rocha. O Palácio do Planalto ignorou os pedidos de ambos, mas mostrou o plano à Miriam. Porque o Palácio mostrou o plano à Miriam e negou acesso a Abreu e Rocha você entenderá nesse post.
Vamos primeiro às evidências. No dia de Natal a jornalista Miriam Leitão publicou em seu blog um texto comemorando o início da operação militar que expulsará milhares de pequenos agricultores pobres do Maranhão de uma área demarcada pela Funai. No texto Miram escreveu a seguinte frase: "há uma área próxima, em Bom Jardim, onde devem ser assentadas 60 famílias".
A informação parecia uma canelada porque ninguém que acompanha o problema no Maranhão, nem nós do Questão Indígena, jamais ouviu falar na existência dessa área. O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Maranhão, José Hilton Coelho de Souza, chegou a emitir uma nota oficial desafiando a jornalista a informar onde ficava a tal área. "A Federação solicita que a jornalista Miriam Leitão, que tem fontes privilegiadas, informe a localização exata da “área onde devem ser assentadas 60 famílias”, para que o juiz seja comunicado e determine a remoção das pessoas desalojadas para o referido local", dizia a nota de Souza. Miram Leitão calou-se.
Ocorre que a informação recebida por nós hoje dá conta de que essa tal área próxima ao município de Bom Jardim, com aproximadamente 4 mil hectares e capacidade para o assentamento de 60 famílias consta no plano de desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá. Ou seja, Miriam Leitão viu o plano. Como a informação deve ter vazado do Palácio do Planalto, a jornalista se calou diante da nota da federação para não dar pistas da fonte.
Para se entender como e porque uma jornalista tem mais acesso ao Palácio do Planalto do que os legítimos representantes do povo é preciso entender como funciona o núcleo indigenista do Governo.
É sabido que o Secretário Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é uma imposição do ex presidente Lula ao Governo de Dilma Rousseff. Carvalho é filósofo, estudou teologia e iniciou sua militância política na Pastoral Operária da Igreja Católica. A mesma Igreja Católica influenciada pela Teologia da Libertação que acomoda o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade que funciona como ONG envolvida em 10 de cada 10 conflitos entre índios e produtores rurais no Brasil. No Cimi trabalhou como consultor o indigenista Paulo Maldos. Maldos, que foi casado com a ex presidente da Funai, a antropóloga Marta Azevedo, e ajudou a organizar e financiar a ONG indigenista Instituto Socioambiental (ISA), é hoje secretário Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência, subordinado à Gilberto Carvalho.
Paulo Maldos e Marta Azevedo eram o núcleo indigenista do Governo Dilma Rousseff, a porta por onde as ONGs indigenistas nacionais e internacionais e o Cimi acessam o Executivo. Eram porque Marta Azevedo foi exonerada no ano passado diante do agravamento da crise indígena no Mato Grosso do Sul. Hoje essa porta é Paulo Maldos.
Como não há lei que regulamente processos de desintrusão, Maldos, a pedido dos antropólogos da Funai e quem sabe até de ONGs, tem puxado para si a coordenação de todos os processos de expulsão de brasileiros sem etnia de áreas demarcadas pela Fundação. Foi ele quem coordenou a operação militar de desintrusão da Terra Indígena Maraiwatsédé, no final de 2012. Foi também ele quem coordenou a operação que está expulsando nesse momento mais de mil pequenos agricultores da Terra Indígena Awá-Guajá.
Um dos grandes desafios de quem coordena operações como essas é convencer a opinião pública, nacional e internacional, de que o ato de expulsar e violar direitos de agricultores pobres, além de lícito, é moral e é aqui onde entra Miriam Leitão.
Antes do início da operação de desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá a ONG Survival International e a revista Vanity Fair financiaram uma expedição do fotografo Sebastião Salgado e da própria Miram Leitão à região. A expedição de Leitão e Salgado ao Maranhão rendeu fotos que circularam o mundo. O jornal O Globo, onde trabalha Miriam Leitão, publicou uma gigantesca reportagem ilustrada com as fotos de Sebastião Salgado numa edição de domingo, além de editar um hotsite com os bastidores da matéria. A revista americana Vanity Fair publicou outra gigantesca reportagem assinada por Alex Shoumatoff e também ilustrada com as fotos de Salgado. O fotografo esteve no Programa do Jô falando dos índios Awá-Guajá. Tudo parte de uma grande e bem articulada campanha de mídia dirigida para legitimar a operação de desintrusão coordenada por... Paulo Maldos.
Foi essa necessidade da dar legitimidade moral a uma operação de expurgo étnico que fez Paulo Maldos afirmar na Voz do Brasil que "a maioria dos ocupantes da área são madeireiros e plantadores de maconha". É muito mais fácil violar direitos de gente ruim do que de gente pobre. A maioria dos ocupantes da área são pequenos agricultores como mostrou o Questão Indígena:
Miriam Leitão viu o plano de desintrusão cujo acesso foi negado pelo Planalto à Senadora Katia Abreu e ao Deputado Weverton Rocha. É grande a chance de que o acesso da jornalista ao Plano tenha sido franqueado por Paulo Maldos ou com a conivência dele.
É improvável que as atitudes de Maldos sejam atitudes do Governo Dilma. O núcleo indigenista do Planalto tem vida própria. Atua independentemente do interesse e da vontade da Presidenta Dilma Rousseff. Lula impôs Gilberto Carvalho à Dilma, Carvalho sustenta Maldos no governo e Maldos governa a política indigenista do Brasil. Simples assim.
Meu nome é Célia Leal, sou amiga, esposa e companheira do Aldeney, um dos desaparecidos na Terra Indígena Tenharim
Meu nome é Célia Leal, sou amiga, esposa e companheira do Aldeney, gerente da Eletrobrás de Matupi, pai, esposo, amigo, companheiro e vítima do descaso do poder público. Neste momento, muitas lembranças boas do nosso convívio tranquilo e do homem digno e honrado que era, estão claras em minha mente e me fazem sentir um pouco melhor diante da indignação e do sofrimento que este fato nos trouxe. Indignação que não é só minha, que acredito ser das esposas das outras duas vítimas dessa barbárie que marcará profundamente nossas vidas, a vida de nossos familiares e de todas as pessoas que estão aqui e que nos acompanham no desenrolar dos fatos.
Ao longo de todos esses duas parece estarmos vivendo um grande pesadelo, estamos chorando lágrimas de sangue pelos nossos entes queridos e sabemos que se eles não forem devolvidos para nós com vida, estaremos condenados a viver juntamento com nossos familiares a dor da injustiça e da crueldade do homem. Estamos vivendo cercados de dúvidas. São questionamentos que nos fragilizam e que nos maltratam sem parar.
Onde estão nossos esposos? O que estarão passando? Como explicaremos a nossos filhos o desaparecimento de seus pais? Quem são realmente os culpados? Será que realmente se fará justiça? Será que se todos cumprissem com seu papel estaríamos passando por isso?
As perguntas são inúmeras e o sofrimento infindável, principalmente quando recebemos notícias falsa e cruéis. Jamais seremos as mesmas! Estamos tatuadas com a marca da dor para sempre. No que tange ao povo Tenharim, supostos culpados do nosso sofrimento... Precisamos lhe dizer que o respeito e a igualdade jamais serão alcançados com o uso da violência, da crueldade e da desumanidade. Precisamos viver tempos de PAZ e AMOR!!! Nossos parceiros eram homens pacíficos, solidários, amorosos e corajosos. Interagiam com esses povos e enfrentavam uma BR longa e insegura, sem medo e porque nos amavam. Sabiam que precisavam trabalhar para nos ver felizes.
Não importa o que falem. Sempre serão em nossas mentes homens de bem. Sabemos que foram traídos, talvez pela fúria de um povo insensato e sem coração, que jamais foi desrespeitado aqui pelo nosso povo.
Para mim, enquanto esposa, para família e para os amigos, apesar de estarmos passando por este momento quase insuportável, de alguma maneira nos conforta saber que a partir do sofrimento dessas três vítimas teremos chances de desvendar muitos outros desaparecimentos, muitos outros mistérios escondidos no interior daquela região. Que a verdade venha à tona, e que todos possam refletir sobre suas competências para que ninguém mais possa viver a nossa angústia. Queremos a execução fiel das leis e do direito! Que nosso povo jamais tenha que destruir para poder ser notado, que jamais possamos perder para podermos ganhar o direito de sermos ouvidos. Somos um povo de PAZ e queremos viver em PAZ!
A todos vocês, filhos de Humaitá, Apuí, Km180, Manaus e Porto Velho e demais localidades, devemos a nossa profunda gratidão, por fazer de nossas dores, suas dores, por demonstrarem-se solidários conosco e com nossos familiares. Estou orgulhosa de saber o quanto meu parceiro e seus amigos são queridos por vocês. Vocês que fizeram de nossa cruz, suas cruzes, de nossos lamentos, seus lamentos. Que nosso município e nosso povo esteja sempre unido para resolver problemas que o poder público não consegue ou não quer solucionar. Que juntos possamos fazer valer o nosso direito de ir e vir com segurança e, sobretudo, que façamos valer o nosso direito à vida que é constitucional e divino! É necessário mudança, competência, justiça, paz e muito amor em nossos corações.
A todos vocês a nossa profunda gratidão. Muito obrigada!
Mais uma fazenda invadida no Mato Grosso do Sul
Um grupo de índios Guarani invadiu na última segunda-feira (20), mais uma propriedade rural em Japorã, no Mato Grosso do Sul. Dessa vez foi a estância Varago, no assentamento Indianópolis. A estância é a segunda propriedade rural de Ivagner José Varago, 40 anos, invadida pelos índios em menos de 6 meses. “Em outubro de 2013 eles invadiram a Fazenda São José e, agora entraram na estância”, diz Varago.
Os guarani reivindicam a demarcação de uma área com 9 mil hectares próxima ao Rio Iguatemi, em Japorã. “Desde 2003 vivemos nesta situação. O jeito vai ser aguardar a indenização do Governo Federal pelas terras”, lamenta o proprietário rural. Pelo menos 15 propriedades estão ocupadas por índios no município.
Milícia Tupinambá pede apóio do Ministério Público para permanecer nas propriedades invadidas
A subprocuradora-geral da República Maria Eliane Menezes de Farias, recebeu cerca de 35 líderes da milícia indígena Tupinambarana na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília, na ultima terça-feira, 21 de janeiro. Os milicianos vieram a Brasília solicitar ao MPF ajuda necessária para derrubar as liminares de reintegração de posse que tramitam no Superior Tribunal de Justiça. Caso sejam mantidas os milicianos poderão ser expulsos pela Polícia Federal das mais de cem propriedades invadidas no sul do Bahia pela milícia.
O Ministério Público Federal firmou o compromisso de buscar meios para ajudar na problemática dos Tupinambarana. Maria Eliane disse que entrará em contato com o procurador da República de Ilhéus e também com o desembargador do Tribunal Regional Federal além de conversar com os relatores do processo.
A milícia tupinambarana que aterroriza o sul da Bahia já matou a tiros dois agricultores e deixou outro paraplégico nas ações de invasão. : Conheça Adailton do Carmo: agricultor que ficou paraplégico depois de ser baleado pela milícia de indigenóides tupinambá, na Bahia
Foto de Isaac Amorim / Ag.MJ