Socióloga da Funai negava terra de Tupinambás no sul da Bahia
Em um livro escrito antes de ser contratada pela Fundação Nacional do Índio para montar o relatório que indica 47 mil hectares do sul da Bahia como “território tradicional tupinambá”, Susana de Matos Viegas afirmava que os índios que viveram na região de Ilhéus, Una e Buerarema deixaram o local há muito tempo.
No livro “Terra Calada - Os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia”, da editora Almedina, lançado em 2008, ela afirma que os índios que viveram na região de Ilhéus, Una e Buerarema deixaram o local há muito tempo.
“O histórico de ocupação mostra com clareza que os índios (fossem Camacan, Botocudos ou outros) que viviam nesta região, ainda no início do século XX, a abandonaram, não sendo portanto os antepassados dos Tupinambás de Olivença que ali vivem hoje”.
Só isto já derruba a tese da Funai e o argumento legal para criar uma reserva. Ela tem que ser criada em terras ocupadas pelos índios, sem interrupção, desde o Brasil colonial, o que não é o caso do sul da Bahia, onde viviam Tupis e Aimorés até serem exterminados por Mem de Sá.
A antropóloga diz no livro, que “o fato do povoado de Olivença resultar de um aldeamento jesuíta, e de se conceberem os aldeamentos como forma de agrupar índios provenientes de diversas origens, tem levado a uma procura, a meu ver equivocada, de identificações étnicas formais e restritivas entre os Tupi (Tupiniquim ou Tupinambá) e os Jê (Botocudos e Camacã) para os índios que atualmente habitam a região”.
“O exercício pode mostrar-se não apenas espúrio, mas também etnologicamente errado. As inferências documentais que sustentam essas teses são de difícil credibilidade, muitas vezes projetando para o passado configurações muito recentes da identificação territorial dos Tupinambás de Olivença”.
Governador
O governador Jaques Wagner vem discutindo com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, soluções para o conflito entre produtores rurais e supostos índios tupinambás no sul da Bahia e citou o documento da Funai.
O governador disse que o processo sobre o estudo antropológico, reconhecendo áreas como terra indígena Tupinambá, feito pela Funai, está inconcluso. E que ainda pode haver questionamento judicial sobre o estudo.
Wagner lembrou que não se trata de latifundiários produzindo na região de Ilhéus, Buerarema e Una, mas de “famílias que estão na terra há oitenta anos, plantando mandioca, banana, cacau e outros produtos”.
De acordo com o governador, é preciso encontrar um formato que seja “menos traumático para a população do que esse que está acontecendo”. Ele espera que haja um acordo para que nenhuma família seja prejudicada.
O clima é de guerra entre supostos índios e pequenos agricultores rurais, com fazendas incendiadas, tentativas de homicídio, espancamentos, carros queimados e um suposto assassinato.
Na semana passada, o pequeno produtor rural Adailton do Carmo Santos, de 55 anos, foi espancado e baleado. Na mesma região de Serra do Padeiro, um suposto índio foi encontrado morto.
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