Canola ganha espaço no campo e atende demanda da indústria
As dificuldades tecnológicas e a falta de conhecimento técnico da canola, cuja semente ainda é importada da Argentina e da Austrália, atrasam a evolução do setor. O presidente da Associação Paranaense de Produtores de Canola, Geovane Teixeira, afirma que toda cultura nova enfrenta esses desafios. “Faz cinco anos que os produtores começaram a apostar na canola. Aos poucos, a gente irá se adequar melhor.” Sua estimativa é que existam no estado 350 produtores de canola.
O Paraná se tornou rapidamente o segundo maior produtor brasileiro de canola (atrás do Rio Grande do Sul). Cultiva um terço da produção nacional (veja ao lado). Áreas que até o ano passado investiam timidamente no grão ampliaram significativamente a produção. Na região dos Campos Gerais, por exemplo, houve um aumento de 40% na área plantada, que chegou a 2 mil hectares.
A Região Oeste ainda é a que mais tem investido na oleaginosa, com 29% da área plantada do estado. Porém, deve registrar queda de 9 mil para 5 mil toneladas na produção, devido aos problemas climáticos. Os novos campos estão compensando essa perda, com sobras.
Os produtores acreditam que vale a pena apostar na canola como alternativa para a safra de inverno. O agricultor Ivo Possato, de Arapoti, nos Campos Gerais, parou de produzir trigo para investir na oleaginosa. “O preço da canola é o mesmo que o da soja, já o trigo varia muito e não temos certeza de que haverá comercialização na colheita”, compara.
O custo da canola fica em 50% do investimento necessário ao trigo, relata. Ele gasta cerca de R$ 700 por hectare. “Mergulhamos de cabeça.” A planta é considerada também mais resistente aos problemas climáticos que o cereal.
As indústrias compram a produção mesmo antes da colheita, para garantir ao menos parte da demana. Nos supermercados, o óleo de canola (vendido a R$ 5 o litro em Curitiba) custa mais que o dobro do óleo de soja, com preço acima também do praticado para o óleo de girassol e o de milho. A planta de flor amarela possui concentração de óleo acima da apresentada pela soja, inclusive em ano de safra limitada.
De acordo com Teixeira, a demanda pelo óleo para consumo humano e pelo farelo para produção de ração animal tem aumentado muito nos últimos anos. O que coincide com a busca por alternativas no campo. “O produtor brasileiro está diversificando a produção. E eles querem lucro. Diante disso, a canola representa garantia de mercado”, ressalta.
O produtor João Prix Neto confirma que, com a procura maior pelo óleo, a tendência é de que o plantio aumente gradativamente. “Estamos apenas no começo. A procura por alimentos saudáveis, incluindo o óleo de canola, deve crescer”, aposta.
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