UE tenta garantir oferta de matérias-primas do Brasil
O Valor apurou que o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani, tentará obter a assinatura de uma declaração de intenção bilateral sobre matérias-primas em sua visita ao Brasil, de sábado a segunda-feira.
A UE acredita que se conseguir vincular o Brasil, um dos grandes produtores mundiais de minérios, ao conceito de que nenhum país deve restringir exportações de matéria-prima, poderá em seguida "pressionar" a China e outros países fornecedores na direção de um entendimento internacional contra essas "distorções comerciais", que se daria no G-20, na Organização Mundial do Comércio e na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo fontes brasileiras, a Europa só trata o tema pelo lado industrial e exclui as matérias-primas agrícolas. O Brasil aceita discutir o fim das restrições à exportação, mas acha que isso só faz sentido se abranger a proibição também de restrições a importações.
A Europa restringe a entrada de produtos brasileiros de duas maneiras: na área industrial, com as altas tarifas impostas sobre itens de maior valor agregado, e com barreiras às commodities agrícolas importadas.
O interesse europeu também é recebido com prudência porque Bruxelas só levanta a questão do abastecimento quando os preços das matérias-primas estão elevados. Para o Brasil, discutir suprimento entre governos pode ser importante, mas o mercado opera em função de quem oferece o melhor preço.
A Europa depende inteiramente da importação de minerais concentrados nas mãos de poucos países, como China, Brasil, Rússia e África do Sul. Nada menos de 84% do nióbio e 51% de minério de ferro importado pelos 27 países da UE vêm do Brasil, por exemplo.