O que o tsunami do Japão significa para as commodities agrícolas?

Publicado em 14/03/2011 09:48 e atualizado em 15/03/2011 17:14
O desastre do Japão deverá ter um impacto significativo sobre os preços dos grãos. Mas, isto poderá não ser aparente de imediato.

O primeiro deles é que o desastre japonês, como um todo, deverá continuar a pressão negativa que já vinha pesando na semana passada sobre as commodities agrícolas.

O país é, acima de tudo, um dos maiores (talvez o maior) importador mundial de alimentos, comprando no exterior cerca de 60% das calorias que seus cidadãos precisam, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

Portanto, qualquer sinal de uma queda ou de aumento na sua demanda depois do terremoto afetará as já apertadas disponibilidades mundiais.

E os mercados externos não poderão oferecer muito apoio no sentido de sustentar os mercados agrícolas, dado que os investidores já estavam direcionando suas aplicações para ativos mais arriscados, como ações e metais, assim como as commodities.

O fator Yen

Por enquanto, o impacto potencialmente estimulante sobre as importações japonesas de alimento ainda não está muito claro. A idéia é de que o Japão precisa importar mais alimentos – embora, talvez, digamos, de produtos acabados ao invés de commodities, tais como carne de porco em vez de milho para alimentação de animais, se muitas das facilidades do país forem destruídas.
O Japão tem moeda suficiente para fazer imediatamente as compras necessárias. Ironicamente, um dos impactos esperados do desastre é o fortalecimento do iene, porquanto as seguradoras deverão repatriar fundos aplicados no exterior para pagar as indenizações e o país deverá vender moeda estrangeira, principalmente títulos do Tesouro dos EUA, para arrecadar dinheiro. Após o terremoto de Kioto em 2005, o ienne valorizou cerca de 20% em relação ao dólar em três meses.

Alimentos x Combustível

Um impacto a mais longo prazo pode tornar-se mais difícil de ignorar: a utilização das commodities agrícolas como fontes de energia, tanto quanto de alimentos.

A elevação dos preços dos alimentos, no início deste ano, colocou a produção de biocombustíveis em cheque, colocando dúvidas sobre a sua utilização de terras, que  estariam sendo desviadas da sua verdadeira finalidade, que seria a produção de alimentos para o mundo.

Além disso, os problemas dos reatores nucleares japoneses também possuem pontos de interrogação, redesenhando também mais uma das formas de produção de energia convencional num momento em que as deficiências de outra fonte, o petróleo, já estavam sendo examinadas depois dos conflitos nos principais países produtores do Oriente Médio e do Norte da África.

A segurança dos combustíveis está de volta à agenda. E, enquanto as produções convencionais, tais como carvão e gás natural, irão fazer a sua parte para preencher o vazio, assim como as fontes alternativas, como a eólicas e a energia das marés, os agricultores provavelmente  também serão convidados a contribuir, mesmo colocando em risco a segurança alimentar mundial.

Tradução: Boletim Trigo & Farinhas
Fonte: Agrimoney

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