Gargalos impedem ‘crescimento chinês’ no Brasil

Publicado em 01/03/2011 09:26 e atualizado em 01/03/2011 09:56
O “Wall Street Journal” publicou uma reportagem no sábado 26 mostrando como os gargalos da economia brasileira provocam aumento de preços e entravam o desenvolvimento.

“Interrupções de energia, estradas estropiadas e escassez de mão de obra” são alguns dos problemas que limitam a oferta de bens e serviços demandados por um “mercado voraz”, escreve o correspondente Paulo Prada.

Duas fábricas operadas pela Braskem em Camaçari, por exemplo, ficaram quase duas semanas sem funcionar, até fazer todos os ajustes necessários para se recuperar das consequências do apagão que atingiu o Nordeste do País, relata o “Journal”. Essas duas instalações empregam 8.000 pessoas e fornecem produtos para indústrias da região. O custo da paralisação foi de US$ 150 milhões, segundo estimativa da empresa.

“Depois da arrancada rumo a um crescimento chinês, um conjunto de gargalos na maior economia da América Latina está elevando os custos e dificultando a capacidade [do País] de manter o desenvolvimento na sua capacidade total”, afirma o jornal.

O PIB (produto interno bruto) do Brasil cresceu cerca de 8% no ano passado, segundo projeções de analistas. No entanto, ”na medida em que os gargalos contribuem para a inflação economistas reduzem as estimativas para 2011″, escreve o diário. A projeção do próprio Ministro da Fazenda, Guido Mantega, é de alta de 4,5% no PIB neste ano.

Grandes apagões viram rotina no Brasil

Por Renée Pereira, no Estadão:

Dez anos depois de mergulhar no maior racionamento da história, o Brasil volta a conviver com problemas no setor elétrico. Mas, desta vez, a crise não está na falta de energia, como ocorreu em 2001, mas na dificuldade de fazer o produto chegar até o consumidor final. Nos últimos meses, uma série de apagões e blecautes regionais causaram transtornos e prejuízos aos brasileiros.

Só neste ano, até o dia 22, foram 14 grandes ocorrências, conforme relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A maior delas deixou o Nordeste sem luz por até cinco horas. O incidente — ainda sem explicações precisas — garantiu ao Brasil o título de país com o maior número de blecautes de grandes proporções. Das seis maiores ocorrências registradas no mundo desde 1965, três são do Brasil: em 1999 (97 milhões de pessoas), 2009 (60 milhões) e 2011 (53 milhões), segundo a consultoria PSR. O maior ocorreu na Indonésia, em 2005, atingindo 100 milhões de pessoas.

Além dos grandes apagões, que normalmente ocorrem por falhas no sistema de transmissão, a população também tem convivido com uma série de desligamentos na rede de distribuição, de responsabilidade das concessionárias. Nesses casos, os cortes estão limitados às áreas de concessões das empresas, cidades ou bairros. As companhias alegam que a culpa é de São Pedro e que as redes não têm suportado as fortes chuvas.

Os constantes blecautes estão traduzidos na piora do indicador de qualidade do fornecimento de eletricidade, medido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nos últimos três anos, o tempo médio que o brasileiro ficou sem luz subiu quatro horas. “Hoje temos energia e não conseguimos entregá-la com a qualidade necessária. O problema é que o governo nunca explica o real motivo dos apagões”, afirma o diretor-presidente da Associação Nacional dos
Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria.

Para especialistas, a origem dos apagões está em investimentos menores que a necessidade da rede de transmissão e distribuição. “Houve um descompasso entre os investimentos da geração e transmissão”, afirma o presidente da Compass Energia, Marcelo Parodi. Mas o problema não é a falta de novos empreendimentos, já que a Aneel tem feito leilões contínuos de linhas de transmissão e as distribuidoras, ampliado o número de clientes.

Fonte: Wall Street Journal

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