Piora da perspectiva de inflação justifica alta do juro, nota BC

Publicado em 27/01/2011 09:27
Diante da avaliação de evolução desfavorável do cenário prospectivo para a inflação, o Banco Central (BC) resolveu elevar a taxa básica de juro, a Selic, em 0,5 ponto percentual, a 11,25% ao ano. Para a autoridade monetária, desde sua reunião ocorrida em dezembro de 2010, "teve seguimento a materialização de riscos de curto prazo com os quais o Copom trabalhava naquela oportunidade".

Na ata do primeiro encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano e da primeira reunião sob o comando de Alexandre Tombini, novo presidente do BC, o comitê admite existir um nível de incerteza acima do usual e "identifica riscos crescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta".

Além de citar o avanço nos preços dos alimentos, o Copom aponta riscos decorrentes da persistência do descompasso entre as taxas de expansão da oferta e da demanda bem como a pequena margem de ociosidade dos fatores de produção, mencionando em especial a mão de obra.

"Cabe notar que o cenário prospectivo leva em conta a sazonalidade da inflação característica do primeiro trimestre, bem como a concentração atípica de reajustes de preços administrados prevista para ocorrer nesse período, embora, para o ano como um todo, o comportamento desses itens tenda a ser relativamente benigno. O cenário central também contempla o potencial impacto negativo decorrente das condições climáticas extremamente adversas verificadas neste início de ano em algumas regiões do Brasil, a despeito de atribuir probabilidade significativa à hipótese de que, ao menos em parte, esse processo seja revertido no decorrer do ano", sustenta o BC.

Para trazer a inflação à trajetória de metas, a autoridade monetária conta com ações convencionais de política monetária bem como com ações macroprudenciais, como as que foram anunciadas recentemente e que ainda devem ser incorporadas à dinâmica de preços - o leilão a termo, maior requerimento de capital dos bancos para financiamento de prazos mais longos e compulsório maior, por exemplo.

Na visão do BC, as ações macroprudenciais são "como elemento de contenção da demanda agregada por intermédio do canal de crédito, bem como por meio da redução de incentivos à adoção de estratégias como o simples alargamento dos prazos de contratos, entre outras".

O comitê acredita no dinamismo da atividade econômica, que vai se beneficiar das iniciativas fiscais e creditíticas adotadas nos últimos trimestres bem como da demanda doméstica robusta, incentivada pelo aumento da renda e do crédito.

Observa, porém, que aos estímulos, se contrapõe o impacto das medidas de reversão das ações adotadas durante a crise de 2008-2009, das perspectivas não muito favoráveis para o desempenho econômico global e das ações macroprudenciais.

"Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito fiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vista a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", pondera.

O BC comenta que o aumento de 0,5 ponto na taxa Selic efetuado na semana passada inicia um processo de ajuste do custo do dinheiro, que junto com as ações macroprudenciais, "contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas".

Fonte: Valor Online

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