Sarkozy reforça proposta de regulação nas commodities

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, reforçou ontem, em discurso sobre as metas do G20 em Paris, que as maiores economias do mundo precisam combinar novas medidas para conter a volatilidade nos mercados de commodities ou correr o risco de revoltas populares contra os aumentos dos preços de alimentos. Sarkozy também expressou apoio a um imposto sobre transações financeiras. Classificou a medida de "questão moral", mas admitiu que a ideia tem muitos inimigos.

"Nós queremos regulação dos mercados financeiros primários de commodities", disse Sarkozy, que ocupa a presidência rotativa do G20 em 2011. "Como você pode explicar que nós regulamos o capital e não as commodities?", perguntou. E afirmou: "Se nós não fizermos nada, corremos o risco de revoltas por alimentos nos países mais pobres e de um efeito desfavorável sobre o crescimento econômico global".

Sarkozy tem um programa de três pontos para a presidência do G20. Além do combate à volatilidade das commodities, ele defende mudanças no sistema monetário mundial e reformas na governança econômica global. Mas o presidente parece ter conseguido um apoio insuficiente aos planos de tirar a economia mundial da dependência do dólar e estabelecer um "novo Bretton Woods". "A França não deseja questionar o papel do dólar", disse, reconhecendo a forte resistência americana.

As sugestões de Sarkozy para criar uma estrutura institucional permanente para o G20, em paralelo com FMI e Banco Mundial, também não ganharam muitos incentivos, transferindo o foco de sua liderança no G20 às commodities - tema que também deve ser popular nas eleições presidenciais da França em 2012. Hoje a popularidade de Sarkozy está perto de mínimas recordes.