Guerra Cambial: China e Alemanha criticam ação dos EUA antes de G20
Washington acredita que o yuan desvalorizado é a principal causa dos desequilíbrios econômicos e tem pressionado Pequim a deixar a moeda avançar mais rapidamente, para refletir o fortalecimento da segunda maior economia do mundo.
A discussão complicou-se nesta semana com a decisão do Fed de comprar mais US$ 600 bilhões em bônus, num esforço para reaquecer a economia norte-americana.
O ressentimento está ganhando força no mundo pela avaliação de que a iniciativa irá gerar ainda mais instabilidade ao afetar os mercados de câmbio, possibilitar bolhas e aumentar a inflação.
"[O problema] não é falta de liquidez. Não é o caso de os americanos não terem injetado liquidez suficientes no mercado. Dizer agora 'vamos colocar mais recursos' não vai solucionar os problemas deles", avaliou o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble.
A chanceler alemã, Angela Merkel, vai abordar a política monetária dos EUA durante as discussões sobre câmbio na reunião do G20, segundo uma fonte do governo.
Autoridades das novas potências econômicas na América Latina e na Ásia afirmaram que podem considerar novas medidas para conter a entrada de capital após a decisão do Fed.
Zhou Xiaochuan, presidente do banco central da China, disse que, embora Pequim possa entender que o Fed está implementando mais alívio monetário para estimular a recuperação norte-americana, isso pode não ser uma boa política para a economia global.
Para o ministro das Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, a decisão dos Estados Unidos "mina o espírito de cooperação multilateral que os líderes do G20 lutaram tão duramente para manter durante a crise atual" e terá consequências devastadoras para países em desenvolvimento.
SEM EQUILÍBRIO
Os esforços para reduzir os desequilíbrios econômicos globais estarão no topo da agenda do G20, que se reúne nos dias 11 e 12 em Seul.
China e Alemanha já se opuseram ao plano levantado pelo secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, de impor limites aos superavit e deficit em conta corrente em 4% do PIB (Produto Interno Bruto).
"Claro, nós esperamos ver contas correntes mais equilibradas", disse o vice-ministro de Relações Internacionais, Cui Tiankai. "Mas nós acreditamos que não será uma abordagem boa escolher essa questão e concentrar toda a atenção nela. O estabelecimento artificial de uma meta numérica só pode nos lembrar dos dias de economias planejadas."
Cui, negociador da China no G20, também rejeitou qualquer tentativa de estabelecer faixas para o yuan se apreciar.
"Isso estaria pedindo que nós manipulássemos a taxa de câmbio do yuan, e é algo que nós obviamente não faremos", disse.