Chávez mira setor agrícola e acelera as expropriações
Analistas creem que o presidente venezuelano esteja acelerando medidas socialistas que poderiam ser barradas na próxima legislatura da Assembleia Nacional, que assume em janeiro. Nas eleições do mês passado, a oposição conseguiu um número de cadeiras que pode causar dificuldades ao governo, apesar de os chavistas ainda manterem a maioria no Legislativo.
Chávez acusou a empresa Agroisleña de especular com o preço de produtos como as sementes. O presidente anunciou planos de expropriá-la no domingo e reiterou a medida ontem. "Eu declarei a expropriação da Agroisleña ontem [domingo]. Que protestem, têm todo o direito, mas está expropriada. Agora todos verão como é a nova instituição nas mãos do povo. Vamos baixar o preço dos fertilizantes, os preços das sementes, trabalhar com o povo, com os que realmente precisam, sem explorar", disse o presidente.
Não houve reação imediata da companhia, fundada há mais de cinco décadas por imigrantes espanhóis das Ilhas Canárias.
A televisão mostrou imagens de várias dezenas de trabalhadores que protestavam nos escritórios da Agroisleña no Estado de Portuguesa. Eles empunhavam cartazes com os dizeres "Não à expropriação". O governo socialista de Chávez estatizou ou expropriou empresas em vários setores da economia venezuelana.
O presidente disse no domingo que planeja confiscar terras agrícolas que o governo considerar subutilizadas para ajudar pequenos produtores. O programa existe há anos e Juan Carlos Loyo, ministro do Poder Popular para a Agricultura e Terras, disse a Chávez durante o programa televisivo presidencial de domingo que o governo planeja confiscar mais 250 mil hectares no próximo mês.
O principal alvo da reforma agrária é a Agroflora, subsidiária da britânica Vestey Foods Group. O grupo tem presença na Venezuela desde 1909. Em 2005, Chávez desapropriou quatro de suas fazendas. Atualmente, a Agroflora tem cerca de 120 mil cabeças de gado e 300 mil hectares na Venezuela.
A oposição condenou os anúncios de Chávez. José Manuel González, um deputado opositor recém-eleito pelo Estado de Guarico, disse em uma coletiva de imprensa que anos de crescimento nas importações de alimentos mostram que as expropriações de terras têm sido um fracasso. "Tudo o que cai na mãos do governo é destruído. O Estado está se convertendo no maior latifundiário", disse.
O governo já desapropriou cerca de 2,5 milhões de hectares desde que Chávez chegou ao poder, em 1999. Segundo especialistas, só cerca de 50 mil hectares das terras desapropriadas pela reforma agrária mantêm-se produtivos.
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