Em oitavo dia de ganhos, Bovespa avança 0,70% no fechamento

Publicado em 06/01/2010 17:49

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) já acumula oito pregões de valorização das ações, sustentada pelo fluxo de capital estrangeiro (que foi recorde no ano passado) e o otimismo dos investidores sobre a recuperação da economia global. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,73.

Desde 21 de dezembro, data do último pregão em que o índice de ações retraiu, a Bolsa já teve alta de 7,3%.

O Ibovespa, o termômetro dos negócios da Bolsa paulista, avançou 0,70% no fechamento, aos 70.729 pontos, o patamar mais alto desde junho de 2008. O giro financeiro foi de R$ 7,19 bilhões. Ainda aberta, a Bolsa de Nova York tem leve alta de 0,02%.

"O Fed mostrou que ainda está preocupado com a economia e que deve manter os juros baixos. E o relatório de empregos [da ADP] mostrou o melho resultado em meses, quer dizer, indicou que a situação ainda está ruim, mas melhorando um pouco", sintetiza Bernardo Rodarte, gerente de operações da corretora Sita. "A grande questão é que ainda tem muito dinheiro rodando no mercado internacional, que praticamente não tem para onde ir. Estrangeiro não está mais vendendo ação por aqui", acrescenta.

O profissional, refletindo a opinião de outros colegas no mercado, acredita que a Bolsa de Valores está à beira de uma realização de lucros (venda de ações "caras"), com oito dias consecutivos de ganhos. "Já está na hora de uma realização, que vai ser até saudável. A Bolsa já subiu bastante no ano passado", avalia.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,739, o que significa um acréscimo de 0,46%. A taxa de risco-país marca 191 pontos, número 2,55% abaixo da pontuação anterior.

"Hoje teve um pouco de fluxo de saída, provavelmente de algumas empresas já antecipando alguma operação de remessa de dividendos. Nós temos que lembrar que, a partir das próximas semanas, nós devemos ter alguma pressão de alta justamente por causa desse tipo de operação", comenta José Carlos Benites, gerente da corretora Moeda.

Entre as principais notícias do dia, a consultoria privada ADP reportou uma perda líquida de 84 mil vagas no setor privado americano (saldo entre postos abertos e fechados) no mês de dezembro. Analistas previam uma destruição de 73 mil postos de trabalho no período. Já o dado de novembro foi revisado: em vez de uma perda de 169 mil, foram 145 mil empregos perdidos.

A área de análise da consultoria fez uma avaliação otimista sobre as perspectivas dos próximos meses: "os cortes de empregos estão diminuindo rapidamente e, se a tendência recente se mantiver, o emprego no setor privado deve voltar a crescer nos próximos meses".

Foi justamente a questão dos empregos a principal ressalva do Federal Reserve (banco central dos EUA) sobre a economia americana. Os diretores do BC local afirmaram que as estatísticas mais recentes "sugerem que a recuperação na atividade econômica está ganhando ímpeto", mas ressaltaram que "a debilidade do mercado de trabalho" ainda é uma "forte preocupação" para todos.

Outro indicador privado também teve um resultado positivo: o índice ISM apontou uma recupação do nível de atividade para o setor de serviços entre novembro e dezembro, mas o desempenho frustrou expectativas do setor financeiro.

No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reportou que a produção industrial do país teve queda de 0,2% em novembro frente a outubro, interrompendo uma sequência de dez altas consecutivas.

O Banco Central registrou que o fluxo cambial do país (diferença entre saídas e entradas de dólares) teve um resultado positivo em US$ 28,73 bilhões no ano passado. Em 2008, o fluxo ficou negativo em menos de US$ 1 bilhão.

Fonte: Folha Online

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