Câmbio e inadimplência preocupam multinacionais
Publicado em 15/12/2009 07:15
A valorização do real e seus efeitos na capacidade de os produtores manterem suas contas em dia têm preocupado cada vez mais grandes multinacionais que atuam no Brasil.
Empresas que atuam em diversos pontos da cadeia produtiva, de fertilizantes a tratores, têm manifestado esse temor. Para uma delas, se o real continuar subindo e os preços das commodities seguirem o caminho inverso, os produtores brasileiros simplesmente deixarão de plantar. Outra afirma que sente o mercado chinês "muito melhor" que o brasileiro devido à questão cambial.
Levantamento nos balanços do terceiro trimestre e nas entrevistas a analistas que as empresas realizam regularmente mostra que a valorização da moeda brasileira é uma grande preocupação para gigantes como Bunge, John Deere, Tyson Foods, Monsanto e Potash.
O relato mais contundente é o do presidente da Bunge, Alberto Weisser. Ele disse que o real está tão sobrevalorizado que a construção de unidade de processamento de soja em Mato Grosso saiu mais cara em dólar do que se ela tivesse sido feita na Espanha ou nos EUA.
Segundo o executivo, mesmo se a cotação de produtos subir, a empresa terá de cortar custos e se tornar mais eficiente para manter as margens de lucro devido aos efeitos da alta do real.
"Houve uma época, quatro anos atrás, em que tínhamos uma opinião sobre o real, mas agora estamos apenas presumindo que ele vai ficar onde está. Então, precisamos ajustar a companhia em relação ao real, e não torcer pelo contrário."
Ele diz ainda que o real fraco também é vantajoso para o produtor agrícola e afirma que, se a moeda "ficar mais valorizada e os preços das commodities recuarem, você não terá fazendeiros brasileiros plantando".
Por um caminho semelhante segue a Tyson Foods, que afirmou que a alta da moeda prejudicou as suas exportações e que, ao contrário do que acontece habitualmente, o aumento dos preços em dólar não acompanhou a valorização cambial.
"As coisas estão um pouco melhor agora do que em outubro, mas ainda não estão onde precisam", diz Rick Greubel, vice-presidente da empresa.
"Quando você está produzindo abaixo da capacidade máxima, seus custos estão aumentando por causa do câmbio e os mercados exportadores não retornaram, você tem uma série de desafios a enfrentar", completa Greubel, que disse também que, hoje, a empresa está melhor na China que no Brasil.
Crédito
Outro temor das múltis é se os produtores vão conseguir manter seus pagamentos em dia. "Sabemos que os produtores no Brasil vendem suas colheitas em dólar e que suas despesas são baseadas em real, e por isso estamos bem atentos a essa situação", disse Marie Ziegler, vice da John Deere.
De acordo com a fabricante de tratores e colheitadeiras, 71% dos pagamentos em atraso (com mais de 60 dias) em empréstimos a agricultores estão concentrados no Brasil -a inadimplência no país representava 1,1% do total de empréstimos no fim de outubro.
A Bunge disse que elevou as exigências no Brasil para a concessão de crédito para os produtores, reduziu a exposição a "contas de risco mais alto" e elevou os pedidos de garantias para certos clientes. Já a Monsanto afirmou que, para lidar com o risco brasileiro devido à volatilidade dos preços agrícolas, mantém uma "política de crédito rigorosa".
Empresas que atuam em diversos pontos da cadeia produtiva, de fertilizantes a tratores, têm manifestado esse temor. Para uma delas, se o real continuar subindo e os preços das commodities seguirem o caminho inverso, os produtores brasileiros simplesmente deixarão de plantar. Outra afirma que sente o mercado chinês "muito melhor" que o brasileiro devido à questão cambial.
Levantamento nos balanços do terceiro trimestre e nas entrevistas a analistas que as empresas realizam regularmente mostra que a valorização da moeda brasileira é uma grande preocupação para gigantes como Bunge, John Deere, Tyson Foods, Monsanto e Potash.
O relato mais contundente é o do presidente da Bunge, Alberto Weisser. Ele disse que o real está tão sobrevalorizado que a construção de unidade de processamento de soja em Mato Grosso saiu mais cara em dólar do que se ela tivesse sido feita na Espanha ou nos EUA.
Segundo o executivo, mesmo se a cotação de produtos subir, a empresa terá de cortar custos e se tornar mais eficiente para manter as margens de lucro devido aos efeitos da alta do real.
"Houve uma época, quatro anos atrás, em que tínhamos uma opinião sobre o real, mas agora estamos apenas presumindo que ele vai ficar onde está. Então, precisamos ajustar a companhia em relação ao real, e não torcer pelo contrário."
Ele diz ainda que o real fraco também é vantajoso para o produtor agrícola e afirma que, se a moeda "ficar mais valorizada e os preços das commodities recuarem, você não terá fazendeiros brasileiros plantando".
Por um caminho semelhante segue a Tyson Foods, que afirmou que a alta da moeda prejudicou as suas exportações e que, ao contrário do que acontece habitualmente, o aumento dos preços em dólar não acompanhou a valorização cambial.
"As coisas estão um pouco melhor agora do que em outubro, mas ainda não estão onde precisam", diz Rick Greubel, vice-presidente da empresa.
"Quando você está produzindo abaixo da capacidade máxima, seus custos estão aumentando por causa do câmbio e os mercados exportadores não retornaram, você tem uma série de desafios a enfrentar", completa Greubel, que disse também que, hoje, a empresa está melhor na China que no Brasil.
Crédito
Outro temor das múltis é se os produtores vão conseguir manter seus pagamentos em dia. "Sabemos que os produtores no Brasil vendem suas colheitas em dólar e que suas despesas são baseadas em real, e por isso estamos bem atentos a essa situação", disse Marie Ziegler, vice da John Deere.
De acordo com a fabricante de tratores e colheitadeiras, 71% dos pagamentos em atraso (com mais de 60 dias) em empréstimos a agricultores estão concentrados no Brasil -a inadimplência no país representava 1,1% do total de empréstimos no fim de outubro.
A Bunge disse que elevou as exigências no Brasil para a concessão de crédito para os produtores, reduziu a exposição a "contas de risco mais alto" e elevou os pedidos de garantias para certos clientes. Já a Monsanto afirmou que, para lidar com o risco brasileiro devido à volatilidade dos preços agrícolas, mantém uma "política de crédito rigorosa".
Fonte:
Folha de SP