Reuters: Fed cortará juros, mas tem novo cenário a ser decifrado após vitória de Trump

Publicado em 07/11/2024 08:38

 

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve deve reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base ao fim de sua reunião de política monetária nesta quinta-feira, mas pode precisar de uma nota de rodapé, dado o cenário econômico incerto que o banco central pode percorrer em breve sob um segundo governo do republicano Donald Trump.

A vitória do ex-presidente na eleição presidencial de terça-feira e o possível controle do Partido Republicano sobre as duas Casas do Congresso colocam em jogo mudanças no país, desde tarifas e cortes de impostos até a restrição da imigração, que podem reescrever as perspectivas de crescimento e inflação que os membros do Fed esperavam enfrentar no próximo ano.

Pode levar meses para que as propostas evoluam e passem pelo Congresso, mesmo com o controle total dos republicanos.

Mas os rendimentos dos Treasuries continuavam em alta na esteira dos resultados de terça e os investidores agora esperam que o Fed acabe cortando os juros menos do que o previsto anteriormente, à medida que fazem um balanço de um novo regime econômico que pode significar déficits federais mais altos, maior crescimento e maior inflação no curto prazo, além de trazer riscos de longo prazo.

"Com o passar do tempo, a direção dos déficits orçamentários, das tarifas... pode se tornar um problema" para o Fed administrar, disse Steven Blitz, economista-chefe da TSLombard para os EUA.

Depois de ter rédea solta para aumentar os juros a fim de combater a inflação, o banco central pode acompanhar as mudanças no comércio e nos fluxos de capital global desencadeadas pelas políticas do novo governo, enfrentando tanto o aumento dos preços quanto a pressão para manter o desemprego baixo, disse Blitz.

Em seu primeiro mandato, Trump pediu abertamente por juros baixos e acabou classificando o chair do Fed, Jerome Powell, como um "inimigo" por causa dos aumentos na taxa que, segundo ele, estavam sufocando desnecessariamente o crescimento, um pano de fundo turbulento para um relacionamento que será observado de perto nos próximos meses.

Trump foi quem promoveu Powell para liderar o Fed em 2018 e ele foi renomeado pelo presidente Joe Biden para um segundo mandato que vai até maio de 2026, que o chair disse que pretende concluir.

A expectativa geral é de que o Fed reduza sua taxa de juros para uma faixa entre 4,5% e 4,75% nesta quinta, após a redução de 50 pontos-base em setembro.

Entretanto, a confiança do mercado em relação ao que acontecerá em seguida começou a enfraquecer, com a expectativa atual de que o Fed encerre seu ciclo de cortes já em meados do próximo ano, com uma taxa na faixa de 3,75% a 4%.

Isso é um ponto percentual acima do nível de aproximadamente 2,9% que as autoridades do Fed projetaram em setembro. Também está bem acima da taxa de juros que fez com que Trump se revoltasse contra o Fed em seu primeiro mandato, quando atingiu um pico de cerca de 2,4%.

Mas o aperto da política monetária está sendo mantido para que a inflação retorne à meta de 2% do banco central - um processo de desinflação que o Fed acha que ainda não foi concluído e que Trump pode querer que continue, dado o grande papel que o aumento dos preços desempenhou na campanha.

As autoridades do Fed observaram antes da eleição que não definem a política monetária em reação às propostas de qualquer governo, mas tomam as decisões fiscais e regulatórias como algo "dado" e respondem apenas aos resultados econômicos que essas decisões geram.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar sobe ante o real após decisão do Copom e na espera de medidas fiscais
Presidente do BC da China se compromete a apoiar recuperação econômica
Reuters: Fed cortará juros, mas tem novo cenário a ser decifrado após vitória de Trump
Pacote de corte de gastos pode ser anunciado nesta quinta, diz Haddad
China deve registrar recorde de importação de soja em 2024 antes da posse de Trump
Exportações da China superam expectativas após fábricas se anteciparem à ameaça de tarifas de Trump