Ibovespa recua com aversão a risco global; Carrefour sobe
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, contaminado pela aversão a risco global, enquanto Carrefour Brasil avançava quase 7% após venda de imóveis e dados de vendas e Vamos subia cerca de 4% com mais um passo na reorganização da empresa.
Por volta de 10h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, recuava 0,54%, a 129.249,16 pontos. O volume financeiro somava 2,12 bilhões de reais.
No exterior, a quarta-feira era de queda nas praças acionárias e commodities como minério de ferro e petróleo, e alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano.
Uma combinação de elementos pressiona a confiança de agentes financeiros globais, desde riscos de um Federal Reserve menos "dovish" e dúvidas sobre o desfecho da eleição nos Estados Unidos a um certo ceticismo com a retomada econômica da China.
No Brasil, a dinâmica fiscal e dados econômicos que sugerem crescimento robusto mantêm os receios sobre potenciais pressões inflacionárias e manutenção da taxa Selic em patamares elevados, o que mina o apetite por ações.
De acordo com análise técnica da equipe do Itaú BBA, o Ibovespa mostra dificuldade em sair da região de suporte em 130.000/129.300 pontos, que se perder entrará em tendência de baixa no curto prazo.
"Em caso de recuperação, o primeiro sinal de melhora está na resistência em 132.300 pontos", afirmou no relatório Diário do Grafista enviado a clientes nesta quarta-feira.
DESTAQUES
- VALE ON caía 1,13%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1,91%, com uma perspectiva mais fraca do mercado global de aço e previsões mais brandas para a recuperação econômica chinesa ofuscando a mais recente série de medidas de estímulo naquele país.
- PETROBRAS PN recuava 0,91%, contaminada pela fraqueza dos preços do petróleo no mercado externo, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, mostrava declínio de 0,89%. No setor, BRAVA ENERGIA ON caía 0,52%, PETRORECONCAVO ON cedia 0,24% e PRIO ON perdia 0,17%.
- HYPERA ON mostrava queda de 1,25%, em dia de correção, após acumular alta de 9,5% nos dois pregões anteriores, na esteira da proposta de combinação de negócios feita pela EMS, do grupo NC, que envolve uma oferta por até 20% das ações da companhia ao preço de 30 reais o papel.
- JBS ON perdia 1,16%. Investidores usavam a aversão a risco global como argumento para realização de lucros dos papéis, que subiram por sete sessões seguidas, acumulando no período uma valorização de quase 10,5%. Na véspera, a ação cravou máxima de fechamento em dois meses. No setor, MARFRIG ON caía 1,11%, BRF ON cedia 1,32% e MINERVA ON recuava 0,72%.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação negativa de 0,06%, enquanto BANCO DO BRASIL ON recuava 0,34% e BRADESCO PN cedia 0,2%. SANTANDER BRASIL UNIT apurava um acréscimo de 0,04%.
- CARREFOUR BRASIL ON saltava 6,8%, após o varejista divulgar acordo com um fundo de investimento imobiliário gerido pela Guardian Gestora para venda de 15 imóveis próprios onde estão localizadas lojas Atacadão por 725 milhões de reais. A companhia também reportou vendas brutas de quase 30 bilhões de reais no terceiro trimestre, crescimento de 4,8% ante a mesma etapa do ano anterior.
- VAMOS ON subia 3,69%, após aprovação de reorganização da companhia pelos conselhos de administração da empresa, da controladora Simpar, da subsidiária Vamos Concessionárias e da Automob. A operação, anunciada em setembro, torna a Vamos Locação exclusiva e inteiramente dedicada ao segmento de locação de caminhões, máquinas e equipamentos e combina a Vamos Concessionárias com a Automob.
- IRB(RE) ON avançava 3,15%, reflexo da recepção positiva ao resultado de agosto do ressegurador, que mostrou lucro líquido de 29 milhões de reais em agosto, após ganho líquido de 33,6 milhões em julho. Na visão de analistas do Citi, os resultados financeiros permaneceram sólidos, acrescentando que a taxa de execução implica um lucro líquido trimestral de cerca de 95 milhões de reais.
- AZUL ON valorizava-se 0,53%, conforme agentes financeiros seguem acompanhando a movimentação da companhia para levantar capital. Fontes familiarizadas com as discussões afirmaram à Reuters que a Azul está negociando com múltiplas partes para obter cerca de 400 milhões de dólares em capital via emissão de dívida. A captação de novos recursos é uma condição para o recente acordo da Azul com arrendadores de aeronaves.