Dólar sobe em linha com emergentes com China e Oriente Médio em foco
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia frente ao real nesta quarta-feira, em linha com a força da moeda dos EUA no exterior, à medida que investidores analisavam dados do IPCA de setembro, que vieram praticamente em linha com o esperado, e avaliavam os efeitos de fatores externos sobre as divisas de países emergentes.
Às 9h46, o dólar à vista subia 0,51%, a 5,5614 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,37%, a 5,571 reais na venda.
Nesta sessão, o real acompanhava o movimento de seus pares emergentes, que ampliavam as perdas frente à moeda norte-americana diante de um cenário de incertezas para ativos de maior risco, com investidores aguardando notícias de China e Oriente Médio.
O governo chinês anunciou nesta quarta que o Ministério das Finanças realizará uma entrevista coletiva de imprensa no sábado para detalhar as medidas fiscais de estímulo que adotará para impulsionar a economia do país, um dia depois de os mercados se decepcionarem com a apresentação de um planejador estatal.
O otimismo pelas medidas de estímulo na China se dissipou na sessão de terça-feira, derrubando moedas de países emergentes, cujas exportações de diversas mercadorias, principalmente commodities, estão atreladas ao grande mercado consumidor da segunda maior economia do mundo.
"O pacote da China pode mexer bastante no mercado se for razoável ou até estimulador. Se houver um incentivo bem relevante, a tendência é que as commodities venham a subir, favorecendo exportadores de commodities como o Brasil", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
A aversão ao risco em mercados emergentes se mantinha nesta sessão, com o dólar avançando sobre divisas como o peso chileno, o rand sul-africano e o peso mexicano.
A moeda dos EUA ainda era beneficiada pelo cenário incerto no Oriente Médio, com investidores avaliando se a recente escalada nas tensões geopolíticas pode provocar uma guerra ampla entre Israel e Irã.
Por outro lado, os rendimentos dos Treasuries estavam praticamente estáveis, após forte avanço recente na esteira de movimento de reavaliação de expectativas sobre o ciclo de afrouxamento monetário do Federal Reserve.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,21%, a 102,700.
Todas as atenções na quinta-feira se voltarão à divulgação de novos dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, com agentes financeiros em busca de sinais sobre a trajetória de juros do Fed.
Mais tarde nesta sessão, os mercados avaliarão a ata da mais recente reunião do banco central dos EUA, quando as autoridades decidiram reduzir a taxa de juros em 50 pontos-base a fim de enfrentar o enfraquecimento do mercado de trabalho.
No cenário doméstico, o foco estava nos dados do IPCA de setembro, divulgados na abertura da sessão. O índice acelerou para uma alta de 0,44% no mês, ante queda de 0,02% em agosto. Em 12 meses, a inflação brasileira chegou a 4,42%. Economistas esperavam alta de 0,46% no mês, segundo pesquisa da Reuters.
Após os dados, houve movimentação na curva de juros brasileira, com juros futuros subindo, à medida que a alta dos preços se aproximou do teto da meta de inflação de 4,50%, provocando consolidação de apostas de aumento da taxa Selic em novembro.