Taxas de juros futuras têm alta firme no Brasil com dados de emprego nos EUA e alta do petróleo
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta firme, em especial entre os contratos de 2026 e 2027, reagindo ao avanço firme dos rendimentos dos Treasuries após a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho dos EUA, em dia marcado ainda pela alta firme do petróleo.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,072%, ante 11,039% do ajuste anterior.
A taxa para janeiro de 2026 estava em 12,38%, em alta de 11 pontos-base ante o ajuste de 12,274%, e o vencimento para janeiro de 2027 marcava 12,42%, com elevação de 9 pontos-base ante 12,334%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,41%, ante 12,384%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,33%, ante 12,314%.
Principal dado do dia, o relatório de emprego payroll mostrou pela manhã que a economia norte-americana abriu 254.000 vagas fora do setor agrícola em setembro, ante 159.000 em agosto (dado revisado para cima). O resultado ficou bem acima dos 140.000 postos projetados por economistas ouvidos pela Reuters, contra 142.000 em agosto no dado informado originalmente.
Outros números revelaram a força da economia norte-americana: a média de ganhos por hora aumentou 0,4% em setembro, os salários aumentaram 4,0% ante o ano anterior e a taxa de desemprego caiu para 4,1% em setembro.
“Vemos uma abertura forte na curva norte-americana, não só pelo dado isolado do payroll, mas pelas revisões altistas significativas”, comentou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ao justificar o avanço das taxas dos DIs também no Brasil.
Outro fator para a abertura da curva brasileira, conforme Quaresma, é o avanço firme do petróleo no exterior, em mais um dia de preocupações em torno da escalada do conflito no Oriente Médio, que envolve de forma direta Israel, os palestinos em Gaza, o Hezbollah no Líbano e o Irã.
“É um risco que voltou ao radar depois de quase um mês. (O conflito) começou a ganhar escala e voltou o risco de ele comprometer a infraestrutura do petróleo”, disse Quaresma. Um petróleo mais caro atua como um fator de pressão sobre a inflação brasileira.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos -- atingiu a máxima de 12,39% às 9h32, pouco depois da divulgação dos dados de emprego nos EUA, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste da véspera. Pouco antes do fechamento, às 16h17, o mesmo percentual foi atingido.
Com o movimento do dia, na ponta curta da curva as taxas passaram a precificar chances maiores de o Banco Central acelerar a alta da taxa básica Selic em novembro.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava 93% de probabilidade de o BC subir a Selic em 50 pontos-base em sua próxima decisão e 7% de chance de elevação de apenas 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 83% e 17%, respectivamente.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 13 pontos-base, a 3,979%.