Ibovespa recua mais de 1% com fiscal no radar e queda de Vale
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, após duas altas seguidas, conforme voltavam a prevalecer preocupações com o cenário fiscal no Brasil, a despeito de um upgrade recente no rating soberano do país e nova alta do petróleo no exterior.
Por volta de 11h05, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,34%, a 131.721,52 pontos. O volume financeiro somava 4,25 bilhões de reais.
As ações eram pressionadas pela alta nas taxas dos contratos de DI, em dia de avanço nos rendimentos dos Treasuries e com o presidente do Banco Central reafirmando na véspera que juros mais baixos dependem de um choque positivo no fiscal.
Mesmo com a elevação da nota do Brasil pela Moody's no começo da semana, permanece no mercado desconforto com as contas públicas, principalmente a criação de despesas permanentes com receitas temporárias.
Para estrategistas do BTG Pactual, apesar do cenário externo com queda de juro e "pouso suave" nos EUA e medidas de estímulo da China, desafios fiscais contínuos estão mais uma vez impedindo o Brasil de capturar os benefícios do momento favorável.
"Infelizmente, parece que o país está perdendo outra oportunidade de ouro, especialmente porque alguns de seus principais pares de EM (mercados emergentes) enfrentam desafios ainda mais agudos", afirmaram em relatório enviado a clientes.
Em Wall Street, a sessão não tinha uma direção única, enquanto agentes monitoram a situação no Oriente Médio e aguardam dados do mercado de trabalho na sexta-feira. O S&P 500 tinha acréscimo de 0,1%.
De acordo com analistas do Itaú BBA, o Ibovespa busca um novo intervalo de negociação, mostrando indecisão ao alternar dias positivos e negativos sem formar uma direção clara.
"O ponto de atenção está nos 130.000 pontos, que foi a mínima recente deixada", afirmaram no relatório Diário do Grafista, destacando que se essa marca for perdida o Ibovespa entrará em tendência de baixa no curto prazo.
DESTAQUES
- VALE ON recuava 1,65%, em mais um dia sem a referência dos preços do minério de ferro na China por feriado naquele país, enquanto o contrato de referência da commodity em Cingapura caía 0,98% após fortes ganhos no começo da semana.
- PETROBRAS PN tinha acréscimo de 0,19%, buscando apoio do petróleo no exterior, onde o Brent tinha alta de 2,52%. No setor, BRAVA ENERGIA ON avançava 0,57% e PRIO ON ganhava 0,54%, enquanto PETRORECONCAVO ON cedia 0,11%
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 2,21%, em sessão negativa para o setor como um todo, com BRADESCO PN cedendo 1,05%, BANCO DO BRASIL ON recuando 0,66% e SANTANDER BRASIL UNIT caindo 1,62%.
- VAMOS ON caía 8,13%, renovando mínimas históricas, conforme agentes financeiros reavaliam as condições de proposta de reorganização societária, após uma primeira reação positiva na segunda-feira.
- VIVARA ON era negociada em baixa de 3,71%, com o setor de varejo como um todo no vermelho, pressionado pelos DIs. Também na ponta negativa estavam LOJAS RENNER ON, em queda de 2,94%.