Dólar tem leve alta ante real em dia de disputa pela Ptax e de avanço no exterior

Publicado em 30/09/2024 17:11 e atualizado em 30/09/2024 17:47

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a segunda-feira em leve alta ante o real, numa sessão marcada pela disputa de fim de mês e de trimestre pela formação da taxa Ptax e pelo avanço da moeda norte-americana também no exterior.

O dólar à vista fechou em alta de 0,24%, cotado a 5,4491 reais. A divisa acumulou queda de 3,32% em setembro e baixa de 2,53% no terceiro trimestre do ano.

Às 17h26, o dólar futuro para novembro -- que nesta segunda-feira passou a ser o mais líquido do mercado brasileiro -- subia 0,16%, aos 5,4660 reais.

No início da sessão o dólar chegou a oscilar em baixa ante o real, com as moedas de países exportadores de commodities sendo novamente favorecidas pelo anúncio de mais estímulos econômicos na China.

O banco central da China informou no domingo que dirá aos bancos para reduzirem as taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro, como parte de medidas abrangentes a fim de apoiar o mercado imobiliário do país.

Além disso, três grandes cidades -- Guangzhou, Shenzhen e Xangai -- suspenderam restrições importantes à compra de casas.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,4060 reais (-0,56%) na venda às 9h15.

No entanto, o dólar passou a se fortalecer logo depois, com investidores comprados na moeda norte-americana puxando as cotações com foco na Ptax.

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Nesta segunda-feira a disputa se tornou ainda mais importante já que a Ptax também era a do encerramento do trimestre, servindo de referência para balanços de empresas com operações internacionais.

“Tivemos uma abertura em queda alinhada com nossos pares. Dados da China impulsionaram as moedas emergentes, com o avanço do minério de ferro por lá, em reação aos estímulos prometidos para a economia chinesa”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

Segundo ele, o mercado também seguia cético em relação ao equilíbrio fiscal no Brasil, o que favorecia a montagem de posições defensivas no dólar.

No exterior, a moeda norte-americana também passou a ganhar força ante boa parte das demais divisas, com investidores à espera de um discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, durante a tarde.

Às 10h50, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,4749 reais (+0,71%).

Definida a Ptax de fim de mês (5,4481 reais para venda) no início da tarde, o dólar passou a oscilar mais livremente no Brasil, sem influências técnicas, o que fez as cotações desacelerarem.

A partir das 14h55, quando Powell começou a falar, os rendimentos dos Treasuries aceleraram os ganhos, o que também deu força as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil. O dólar retomou parte do fôlego ante o real, mas não o suficiente para renovar as máximas do dia.

Em sua fala, Powell afirmou que prevê mais dois cortes nas taxas de juros dos EUA este ano, totalizando 50 pontos-base, "se a economia tiver o desempenho esperado", embora o Fed possa fazer cortes mais rápidos, se necessário, ou mais lentos.

Neste cenário, no fim da tarde o dólar seguia em alta firme ante moedas fortes no exterior e ante boa parte das demais divisas de emergentes ou exportadores de commodities. Às 17h24, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,31%, a 100,750.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

Fonte: Reuters

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