Taxas sobem em DIs a partir de 2026 após dados fortes do mercado de trabalho

Publicado em 27/09/2024 16:59 e atualizado em 27/09/2024 17:55

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta entre os vencimentos a partir de janeiro de 2026, com a curva a termo reagindo aos dados robustos do mercado de trabalho brasileiro, que mostraram a menor taxa de desemprego em vários anos e geração de vagas formais acima do esperado em agosto.

Na ponta curta da curva os movimentos foram limitados, com o mercado mantendo apostas majoritárias numa alta de 50 pontos-base da taxa Selic em novembro.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,995%, praticamente estável ante os 10,996% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2026 estava em 12,265%, em alta de 7 pontos-base ante o ajuste de 12,196%. O vencimento para janeiro de 2027 marcava 12,305%, em alta de 9 pontos-base ante o ajuste de 12,22%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,36%, ante 12,299%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,29%, ante 12,247%.

O destaque no noticiário doméstico foi a divulgação de dados do mercado de trabalho em agosto. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no Brasil chegou a 6,6% nos três meses até agosto, com novo recorde no número de pessoas ocupadas.

O percentual é o mais baixo para trimestres encerrados em agosto na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua iniciada em 2012, segundo os dados do IBGE, e igualou a taxa registrada no trimestre até dezembro de 2014.

Já o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil abriu 232.513 vagas formais de trabalho em agosto, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número veio acima da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de criação líquida de 227.662 vagas.

Os dados do IBGE e do Caged reforçaram a percepção de que o mercado de trabalho segue aquecido, o que é um fator de pressão altista para a inflação. Em reação, as taxas dos DIs a partir de 2026 avançaram, ainda que no exterior os Treasuries estivessem em baixa.

Às 9h39, já após os números do IBGE, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a máxima de 12,32%, em alta de 10 pontos-base ante o ajuste anterior.

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, chamou atenção para os números de emprego positivos.

“Mais um sinal de que o mercado de trabalho brasileiro está muito aquecido, e que os salários estão subindo, e que isso preocupa obviamente o Banco Central”, afirmou Gala, em comunicado enviado a clientes.

Na ponta curta, as taxas seguiram mais próximas da estabilidade. Perto do fechamento a curva brasileira precificava 73% de probabilidade de o BC subir a Selic em 50 pontos-base em novembro, contra 27% de chance de nova elevação de 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 72% e 28%, respectivamente.

Pela manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, falaram em diferentes eventos em São Paulo. As falas não trouxeram novidades substanciais para o cenário.

Campos Neto reconheceu que o crescimento mais lento da economia da China pode ser um problema para os preços de commodities e, consequentemente, para economias emergentes. Já Guillen defendeu que o cumprimento da meta contínua de inflação de 3% é "plenamente factível" e evitou comparar o cenário atual com o passado, quando o objetivo era diferente.

“No passado, a meta também era diferente, a meta não era de 3%. Então, as expectativas estavam em outro nível, porque a meta estava em outro nível", afirmou Guillen.

No exterior, os yields cederam após novos dados mostrarem que a inflação nos Estados Unidos continuou a diminuir, aumentando as chances de um corte maior da taxa de juros na reunião o Federal Reserve de novembro.

O índice de preços PCE, a medida de inflação preferida do Fed, subiu 0,1% em agosto, ante alta não revisada de 0,2% em julho e expectativa de 0,1%. Nos 12 meses até agosto, o índice de preços PCE avançou 2,2%, após um aumento de 2,5% em julho.

Às 16h42, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 6 pontos-base, a 3,565%. Já o retorno do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 4 pontos-base, a 3,753%.

Fonte: Reuters

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