Dólar cai pela 7ª sessão após Fed cortar juros e Copom subir

Publicado em 19/09/2024 17:06 e atualizado em 19/09/2024 17:40

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista completou nesta quinta-feira a sétima sessão consecutiva de baixa, se reaproximando dos 5,40 reais, com as cotações reagindo às decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos na véspera, favoráveis à atração de recursos para o mercado doméstico.

O dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,71%, cotado a 5,4213 reais. Nos últimos sete dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 4,14%.

Às 17h26, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,49%, a 5,4360 reais na venda.

Na tarde de quarta-feira o real já havia sido favorecido pela decisão do Fed, que cortou sua taxa de juros em 50 pontos-base. A redução estava em grande parte precificada nos mercados globais, mas ainda assim surpreendeu uma parcela dos agentes, que esperava por corte de apenas 25 pontos-base.

O movimento do Fed fez o dólar perder força em todo o mundo na véspera, inclusive no Brasil.

Este cenário foi reforçado na noite de quarta-feira, com os mercados já fechados, pela decisão sobre juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

O colegiado elevou a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75% ao ano, como vinha precificando a curva de juros brasileira. No comunicado da decisão, o Copom adotou um discurso hawkish (duro com a inflação), reforçando os riscos inflacionários e a intenção de buscar a meta de 3%.

Uma Selic mais elevada no Brasil, a 10,75%, somada aos juros mais baixos nos EUA, na faixa de 4,75% a 5,00%, significa na prática um diferencial de juros ainda mais favorável ao mercado brasileiro.

Com isso, o dólar à vista despencou ante o real na abertura dos negócios nesta quinta-feira. Às 9h11 o dólar à vista foi cotado na mínima de 5,3943 reais (-1,21%).

“Os 50 pontos-base (de alta) do Fed estavam praticamente dados, mas o cenário para o câmbio melhorou ainda mais no fim do dia, com o BC aumentando nossa taxa de juros”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Após marcar mínimas no início desta quinta-feira, porém, o dólar recuperou um pouco de força, atingindo a máxima de 5,4413 reais (-0,34%) às 10h00.

“Por mais que as decisões do Fed e do Copom favoreçam operações de carry trade, fortalecendo o real, existem as resistências relacionadas ao Brasil que não permitem que o dólar desça tanto. Assim, 5,40 reais é uma resistência forte”, acrescentou Avallone.

No exterior, no dia seguinte ao corte de juros pelo Fed, a sessão também era de queda -- quase generalizada -- do dólar ante as demais divisas. Às 17h29, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,39%, a 100,630.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

(Por Fabricio de Castro, edição Alberto Alerigi Jr. e Alexandre Caverni)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

BTG eleva projeção para Selic após fala de Campos Neto reforçar tom duro do Copom
Wall St fecha em alta com dados econômicos positivos dos EUA
Dólar cai ante real após China sinalizar mais estímulos econômicos
Ibovespa avança com suporte de Vale, mas Petrobras mina alta maior
Taxas de janeiro 2026 e janeiro 2027 têm alta firme em dia de avanço dos yields e fala de Campos Neto
Índice europeu STOXX 600 atinge recorde de fechamento com estímulo da China