Ibovespa avança com reavaliação sobre corte de juros nos EUA e aval de commodities
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa avançava nesta quinta-feira, em meio a uma reavaliação mais positiva sobre a decisão do Federal Reserve de cortar os juros na véspera, enquanto o Banco Central confirmou expectativas ao elevar os juros no Brasil em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, sem sinalizar seus próximos passos.
Por volta de 10:55, o Ibovespa referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,16%, a 133.961,21 pontos, em movimento endossado pelo avanço de commodities como o minério de ferro e o petróleo, bem como altas em Wall Street, onde o S&P 500 avançava 1,4%.
O volume financeiro no pregão brasileiro era de 4,12 bilhões de reais.
De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a percepção é de que, após digerir a coletiva do chair do Fed, Jerome Powell, os investidores reavaliaram as primeiras reações mais negativas em vista de uma taxa de equilíbrio mais elevada, atendo-se ao movimento de corte iniciado.
Na véspera, o Fed cortou a taxa de juros em 0,50 ponto, na primeira redução em mais de quatro anos, citando "maior confiança" de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão mais ou menos equilibrados.
Em coletiva à imprensa na sequência, Powell disse não acreditar que o Fed tenha esperado muito tempo para reduzir sua taxa básica de juros. "Não achamos que estamos atrasados."
No Brasil, o BC anunciou o aumento da Selic após o fechamento do mercado, em decisão unânime, explicando que o ritmo de ajustes futuros na Selic e a magnitude total do ciclo agora iniciado serão ditados pelo "firme compromisso" de convergência da inflação à meta e dependerão da dinâmica dos preços.
O BC, porém, deixou de ver uma equivalência de riscos que podem pressionar a inflação para cima ou para baixo, apresentando agora visão mais pessimista, afirmando que "há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação".
DESTAQUES
- VALE ON subia 1,29%, conforme os futuros do minério de ferro na China avançaram nesta sessão, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrando as negociações do dia com alta de 1,69%.
- PETROBRAS PN avançava 0,22%, favorecida pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado com elevação de 0,96%.
- ITAÚ UNIBANCO PN subia 0,14%, sendo exceção em uma sessão com o sinal negativo prevalecendo entre os bancos do Ibovespa.
- SÃO MARTINHO ON valorizava-se 2,99%, endossado por relatório do JPMorgan elevando a recomendação dos papéis a "overweight", com os analistas citando valuation atrativo e visão positiva para os preços de açúcar e etanol.
- BRAVA ENERGIA ON era negociada em baixa de 7,24%, após atualizar expectativa de retorno da produção do campo de Papa Terra para o início de dezembro de 2024.
- AGROGALAXY ON, que não faz parte do Ibovespa, desabava 21,43%, ampliando as perdas da véspera, quando anunciou perto do fechamento do pregão ter pedido recuperação judicial. Na quarta-feira, as ações terminaram em queda de 13,27%.