Exportações da China aumentam, mas desaceleração das importações prejudica perspectivas comerciais

Publicado em 10/09/2024 07:32

Por Joe Cash

PEQUIM (Reuters) - As exportações da China cresceram no ritmo mais rápido em quase um ano e meio em agosto, sugerindo que os fabricantes estão acelerando o envio de encomendas antes da adoção de tarifas esperadas de um número crescente de parceiros comerciais, enquanto as importações decepcionaram em meio à demanda interna fraca.

Os dados comerciais mistos destacam o desafio enfrentado por Pequim, uma vez que as autoridades tentam impulsionar o crescimento geral sem se tornarem muito dependentes das exportações.

As exportações da segunda maior economia do mundo cresceram 8,7% no mês passado em relação ao ano anterior em valor, ritmo mais rápido desde março de 2023, mostraram dados alfandegários nesta terça-feira, superando a previsão de aumento de 6,5% em uma pesquisa da Reuters com economistas e a alta de 7% em julho.

Mas as importações cresceram apenas 0,5%, aquém da expectativa de um aumento de 2% e da alta de 7,2% no mês anterior.

"O forte desempenho das exportações e o superávit comercial são favoráveis ao crescimento econômico no terceiro trimestre e no ano todo", disse Zhou Maohua, pesquisador macroeconômico do China Everbright Bank.

"Entretanto, o ambiente econômico e geopolítico global é complicado e as exportações da China enfrentam muitos obstáculos", acrescentou.

Economistas alertaram que Pequim corre o risco de não atingir sua meta de crescimento se ficar muito dependente das exportações após uma série de dados recentes fracos, aumentando a pressão sobre as autoridades para que haja mais estímulos para reanimar a economia chinesa.

"A continuidade da forte onda de exportações pode, na verdade, atrasar o suporte de curto prazo, e continuamos a esperar que medidas mais ousadas sejam adotadas no quarto trimestre", disseram analistas do Nomura em uma nota.

Além disso, as crescentes barreiras comerciais estão surgindo como outro obstáculo significativo, ameaçando o impulso das exportações da China impulsionadas pelos preços.

O superávit comercial da China com os Estados Unidos aumentou para 33,81 bilhões de dólares em agosto, de 30,84 bilhões de dólares em julho. Washington tem destacado repetidamente o superávit como prova de que o comércio unilateral favorece a economia chinesa.

A política comercial de Bruxelas também se tornou mais protecionista, e os esforços de Pequim para negociar com a União Europeia a fim de reduzir as tarifas sobre os veículos elétricos chineses não avançaram muito.

No mês passado, o Canadá anunciou uma tarifa de 100% sobre os veículos elétricos chineses, juntamente com uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar ronda estabilidade na abertura e caminha para ganho semanal com aversão ao risco
China diz estar disposta a dialogar com os EUA para impulsionar comércio bilateral
Rússia diz que ataque com míssil hipersônico na Ucrânia foi aviso ao Ocidente
Índices da China têm pior dia em seis semanas com balanços e temores por Trump
Wall Street fecha em alta, enquanto Dow Jones e S&P 500 atingem picos em uma semana
Ibovespa fecha em queda com ceticismo do mercado sobre pacote fiscal
undefined