Não há necessidade de o BC elevar os juros agora, diz banco Inter

Publicado em 21/08/2024 13:38 e atualizado em 21/08/2024 14:33

Por Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central deve manter sua taxa básica de juros inalterada até o final deste ano em 10,50%, nível suficientemente restritivo para combater a inflação, previu o banco Inter nesta quarta-feira, contrariando apostas predominantes do mercado.

Taxas futuras de juros precificam uma chance de 80% de o BC elevar a Selic em 0,25 ponto percentual em sua próxima reunião em 17 e 18 de setembro, conforme as autoridades monetárias buscam levar a inflação à meta de 3%.

Os 20% restantes indicam que as taxas serão mantidas constantes.

O crescimento das apostas em uma alta se deu após falas de membros do Comitê de Política Monetária indicando que a autoridade monetária "aumentará as taxas se necessário" para combater a inflação, embora declarações mais brandas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, na terça-feira, destacando uma melhora do cenário externo, tenham contribuído para conter apostas em um corte mais agressivo de 0,50 ponto.

A inflação está atualmente em 4,5% em 12 meses.

"A gente não vê um fundamento para essa alta neste momento", disse à Reuters a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria. "A gente considera o patamar hoje da Selic já bastante restritivo, quando a gente olha o horizonte relevante pra política monetária."

Economistas consultados ​​semanalmente pelo Banco Central ainda prevêem que a taxa Selic será mantida em 10,50% até o final de 2024, mas algumas das principais instituições financeiras revisaram suas projeções nesta semana, passando a prever um aumento da taxa básica de juros.

XP, BTG Pactual e ASA estão entre aqueles que prevêem um ciclo de aperto a partir de setembro, com um aumento de 0,25 ponto percentual seguido de outras altas que levariam os juros a 12% até janeiro de 2025.

Mas Vitoria, que acredita que a Selic encerrará 2025 em 9,5%, discorda de como os mercados interpretaram os comentários recentes das autoridades do BC.

"Nosso entendimento é de que o fato de haver a opção de subir juros não significa que vai subir os juros", disse Vitoria.

Ela reconheceu, no entanto, que as chances de um aumento de taxa aumentaram na medida em que o BC pode acabar seguindo as indicações do mercado caso as apostas atuais se consolidem. "O Banco Central pode ficar preso nessa armadilha e acabar seguindo o mercado e subindo os juros, o que a gente não concorda, não acha necessário, mas a gente entende que isso é um risco", disse a economista.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street sobe após dados de preços ao produtor apoiarem perspectiva de corte de 0,25 p.p. pelo Fed
Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras e bancos
Dólar acompanha o exterior e fecha em baixa ante o real
Taxas futuras de juros sobem puxadas por dados do varejo, receio fiscal e Treasuries
Ações atingem pico de uma semana com corte de juros pelo BCE
CNI: Crise do crédito no Brasil e a necessidade de nos prepararmos para o fim da deflação chinesa