Dólar amplia perdas antes de dados de inflação nos EUA
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda frente ao real nesta segunda-feira, ampliando suas perdas recentes, à medida que investidores marcam suas posições antes da divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos.
Às 9h36, o dólar à vista caía 0,2%, a 5,5043 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda 0,24%, a 5,509 reais na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia em queda de 1,05%, cotado a 5,5151 reais.
Nesta semana, os mercados globais avaliarão novos dados de inflação nos EUA, com destaque para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho na quarta-feira, em busca de sinais sobre a trajetória dos juros do Federal Reserve.
Economistas consultados pela Reuters esperam que o índice acelere para uma alta de 0,2% na base mensal, ante uma queda de 0,1% no mês anterior. Em 12 meses, a projeção é de alta de 3%, mesmo valor registrado em junho.
Um dia antes, estarão no radar os números para os preços ao produtor dos EUA em julho, que podem ter algum impacto nas negociações, ainda que certamente menor de que os dados sobre a inflação ao consumidor.
Agentes financeiros dão como certo um corte de juros pelo Fed em sua próxima reunião em setembro, mas ainda estão divididos sobre o tamanho da redução, com as apostas mostrando chances iguais de um corte de 25 ou 50 pontos-base.
No início da semana passada, o corte de 50 pontos-base era dado como certo diante de crescentes temores de uma recessão nos EUA após dados de emprego fracos em julho. Essa perspectiva ficou mais incerta nos dias seguintes, com a divulgação de números econômicos mais favoráveis e falas apaziguadoras de autoridades do banco central norte-americano.
Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos Treasuries caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
Uma atenção especial ainda se concentra no iene, uma vez que as oscilações da moeda japonesa nas últimas semanas, fomentadas pela reversão da demanda por empréstimos em iene, têm provocado ampla volatilidade em mercados de todo o mundo.
O dólar tinha alta de 0,65% em relação ao iene, a 147,57.
O desempenho dos preços de commodities, em particular o petróleo, também podem movimentar os mercados em meio a perspectivas desfavoráveis para a economia da China e aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Dessa forma, o desempenho do dólar em mercados emergentes era misto, recuando ante o rand sul-africano e o peso chileno, mas estável frente o peso mexicano e com leve alta contra o peso colombiano.
No cenário nacional, investidores ainda estarão focados em eventos com a participação de autoridades do Banco Central, que ocorrem na esteira de dados acima do esperado para o IPCA em julho.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, comparece à inauguração de novo campus da Fundação Getulio Vargas (FGV) às 10h, em São Paulo. Mais tarde, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, palestra em evento promovido pela Warren Rena às 14h30, também na capital paulista. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participará do mesmo evento.
O BC divulgou mais cedo seu último relatório Focus, em que analistas mantiveram sua projeção para o valor do dólar, visto em 5,30 reais tanto ao fim deste ano como do próximo.
Eles ainda preveem que a Selic será mantida em 10,50% ao final de 2024.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,01%, a 103,210.