Dólar chega a superar os R$5,73 pressionado por exterior e Copom
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar renovou máximas ante o real na tarde desta quinta-feira e se mantém acima dos 5,70 reais, com as cotações acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, em um dia de aversão generalizada a ativos de maior risco.
Às 14h30, o dólar à vista subia 1,26%, a 5,7268 reais na venda, após ter atingido a máxima de 5,7383 reais (+1,46%) às 14h26. Na B3 o dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,30%, a 5,7475 reais na venda.
O aumento das preocupações com o cenário geopolítico, após o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, ser assassinado na véspera em Teerã, capital do Irã, dava força ao dólar ante as demais divisas globais.
O movimento também encontrava suporte em dados decepcionantes do setor industrial chinês, um dos maiores compradores de commodities do mundo.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/S&P Global para o setor industrial caiu para 49,8 em julho -- abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração -- ante 51,8 no mês anterior. Foi a leitura mais baixa desde outubro do ano passado e ficou abaixo da previsão de 51,5 de analistas.
"O movimento do dólar no Brasil está alinhado com o externo, mas está um pouco mais forte aqui em função de vários fatores", comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Segundo ele, ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tenha indicado na quarta-feira estar preocupado com os efeitos do câmbio e das expectativas sobre a inflação, o colegiado não demonstrou intenção de subir a taxa básica Selic no curto prazo. "Isso é negativo para o real no curto prazo", disse Machado.
Outro fator para a força do dólar ante o real é a percepção entre os investidores de que o BC, por enquanto, não fará intervenções no mercado. A autoridade monetária tem repetido que eventuais intervenções serão feitas apenas em caso de disfuncionalidade do mercado -- e não por conta do nível do câmbio.
Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, com o dólar próximo dos 5,70 reais, ordens de stop loss (parada de perdas) foram disparadas, amplificando o movimento no câmbio.
No mercado de renda fixa, a curva de juros apresentava um movimento de inclinação: as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo cediam, enquanto as longas subiam. O movimento também era motivado pela leitura de que o Copom não demonstrou intenção de elevar a Selic no curto prazo.