Dívida pública federal sobe 2,25% em junho, para R$7,1 tri, em meio a maiores incertezas
BRASÍLIA (Reuters) -A dívida pública federal subiu 2,25% em junho ante maio, para 7,068 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira, citando um ambiente de deterioração em indicadores de risco no mês.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias, afirmou que houve uma piora na percepção do mercado para a América Latina, com incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos levando a uma alta nos juros futuros no Brasil.
"O mês foi marcado por um volume menor de emissões em decorrência desse ambiente mais incerto, o Tesouro reduziu a quantidade de emissões", disse.
Contribuíram para a elevação da dívida pública uma emissão líquida de 82,2 bilhões de reais no mês passado e uma incorporação de juros de 73,8 bilhões de reais.
No período, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) somou 6,754 trilhões de reais, com alta de 1,93%. A dívida pública federal externa (DPFe) atingiu 314 bilhões de reais, com elevação de 9,86%, impactada pela desvalorização do real e a emissão de 2 bilhões de dólares (11 bilhões de reais) em títulos sustentáveis.
Os estrangeiros também ampliaram a participação na dívida interna, passando a responder por uma fatia de 10,0% do estoque, ante 9,8% no mês anterior. No primeiro semestre deste ano, o estoque de dívida detido por não-residentes aumentou 83,5 bilhões de reais, superando o fluxo observado no ano completo de 2023.
"A gente observa uma divergência de apetite ao risco do investidor doméstico e o investidor estrangeiro. Os fundamentos da economia brasileira são consistentes, temos uma inflação baixa, um fiscal sinalizando consolidação, um balanço de pagamentos bastante saudável, um conjunto de fundamentos que trazem essa percepção de segurança para o investidor não-residente", afirmou.
Segundo os dados da pasta, o custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses teve uma elevação no mês passado, passando de 10,56% ao ano em maio para 11,10%. Para as novas emissões de títulos da dívida interna, o custo médio caiu de 11,10% para 11,00% ao ano.
No período, houve queda no prazo médio de vencimento dos títulos brasileiros para 4,02 anos, ante 4,08 anos registrados em maio.
Em relação ao colchão de liquidez para pagamento da dívida pública, houve uma elevação de 7,05% em junho, a 1,105 trilhão de reais. O montante é suficiente para quitar 8,20 meses de vencimentos de títulos --em maio, estava em 8,00 meses.
Dias ressaltou ainda que a percepção de risco no Brasil diminuiu em julho, até o momento, com redução da curva de juros. Segundo ele, com a melhora no ambiente, o volume das emissões neste mês deve subir para patamar mais próximo da média observada nos últimos meses, de cerca de 130 bilhões de reais.
(Por Bernardo CaramEdição de Isabel Versiani)