Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes

Publicado em 22/07/2024 17:09 e atualizado em 22/07/2024 17:58

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar interrompeu uma sequência de três sessões consecutivas de alta e fechou a segunda-feira em queda, novamente abaixo dos 5,60 reais, com as cotações reagindo ao ambiente externo mais favorável às divisas de emergentes e à confirmação pelo governo de congelamento de 15 bilhões de reais em despesas do Orçamento de 2024.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5687 reais na venda, em baixa de 0,64%. Em julho, a divisa norte-americana acumula queda de 0,39%.

Às 17h26, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,74%, a 5,5770 reais na venda.

Na semana passada o aumento da percepção de risco fiscal fez o dólar avançar 3,20% ante o real, ainda que na quinta-feira o governo tenha antecipado o anúncio de um congelamento de 15 bilhões de reais de despesas no Orçamento de 2024. O avanço do iene ante o dólar também deu sustentação à valorização da moeda norte-americana ante o real em algumas sessões da última semana, com agentes do mercado citando a desmontagem de posições de carry trade na moeda japonesa.

No carry trade investidores tomam recursos no exterior, a taxas de juros baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior.

Nesta segunda-feira o cenário foi mais favorável para o real, na visão de alguns profissionais.

“O dia 17 (quarta-feira passada) foi chave para as moedas. O iene disparou, e aquilo reverberou por todos os mercados. Parece que isso passou”, disse o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “A semana começou com algum respiro para o real”, acrescentou.

O dólar cedia ante o real e em relação a outras divisas pares da moeda brasileira, como a lira turca, o peso mexicano e o peso chileno.

Internamente também havia uma percepção mais favorável -- ainda que tardia -- em relação ao congelamento de 15 bilhões anunciado pelo governo na quinta-feira passada.

Durante a tarde, os ministérios do Planejamento e da Fazenda confirmaram, por meio do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, a necessidade de uma contenção de 15 bilhões de reais em verbas de ministérios para levar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 a 28,8 bilhões de reais, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.

Pouco depois do meio-dia, antes mesmo do relatório, Lula reforçou o discurso do governo de defesa do equilíbrio fiscal. Em entrevista a jornalistas de agências internacionais, ele afirmou que o governo fará o congelamento de despesas orçamentárias sempre que necessário e disse que traz a questão da responsabilidade fiscal nas "entranhas". "Sempre que precisar bloquear nós vamos bloquear", disse.

Neste cenário, após marcar a cotação máxima de 5,6106 reais (+0,11%) às 9h10, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,5357 reais (-1,23%) às 13h22.

Também esteve no radar dos investidores, com efeitos menores sobre o câmbio e a curva de juros no Brasil, a desistência do presidente Joe Biden da corrida eleitoral dos EUA.

Às 17h25, o dólar ainda se mantinha em baixa ante as moedas emergentes, mas avançava ante as divisas fortes: o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,10%, a 104,320.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil