Kamala chama legado de Biden de "inigualável" conforme lança sua campanha presidencial
Por Trevor Hunnicutt e Nandita Bose e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, elogiou o presidente norte-americano, Joe Biden, por seu serviço ao país em sua primeira aparição pública nesta segunda-feira desde que ele abandonou abruptamente sua candidatura à reeleição e a endossou para disputar sua sucessão.
"O legado de Joe Biden nos últimos três anos é inigualável na história moderna", disse Kamala em um evento na Casa Branca para homenagear atletas universitários. "Todos os dias, nosso presidente Joe Biden luta pelo povo americano e somos profundamente, profundamente gratos por seu serviço à nossa nação."
Kamala não se referiu especificamente ao seu novo status como a principal candidata democrata à Presidência, depois que Biden desistiu no domingo sob crescente pressão dos pares democratas.
Integrantes da campanha e aliados já fizeram centenas de ligações em nome de Kamala, pedindo aos delegados da convenção do Partido Democrata do próximo mês que se unam para indicá-la como candidata a presidente na eleição de 5 de novembro contra o republicano Donald Trump.
A saída de Biden foi o mais recente choque em uma disputa pela Casa Branca que incluiu o quase assassinato do ex-presidente Trump por um homem armado durante um comício e a nomeação de um linha-dura como companheiro de chapa de Trump, o senador J.D. Vance.
Kamala disse em um post no X que visitaria o que foi o quartel-general da campanha de Biden em Delaware -- agora a sede da campanha de Kamala -- na tarde desta segunda-feira. Ela disse que Biden, que testou positivo para Covid-19 na semana passada, estava se sentindo melhor.
Praticamente todos os democratas proeminentes que eram vistos como possíveis adversários de Kamala declararam apoio a sua candidatura, incluindo os governadores Gretchen Whitmer, de Michigan, Gavin Newsom, da Califórnia, e Andy Beshear, do Kentucky.
"Minha intenção é conquistar e ganhar essa indicação", disse Kamala em um comunicado no domingo. "Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata -- e unir nossa nação -- para derrotar Donald Trump."
Kamala, que é negra e asiático-americana, criaria uma dinâmica totalmente nova com Trump, de 78 anos, oferecendo um vívido contraste geracional e cultural.
A campanha de Trump vem se preparando para sua possível ascensão há semanas, disseram fontes à Reuters. Nesta segunda-feira, a campanha enviou uma crítica detalhada de seu histórico sobre imigração e outras questões, acusando-a de ser mais progressista do que Biden.
O documento alega que Kamala favoreceu a abolição da agência de Imigração e Alfândega dos EUA e a descriminalização das travessias de fronteira, apoiou o chamado New Deal Verde, apoiou os mandatos de veículos elétricos do governo e incentivou os esforços de "desfinanciamento da polícia".
Algumas dessas posições foram adotadas por Kamala como candidata presidencial malsucedida na eleição de 2020, quando ela estava concorrendo com uma agenda mais progressista do que Biden, mas não foram as que o governo assumiu, principalmente no que diz respeito à segurança nas fronteiras e às questões de aplicação da lei.
Biden, aos 81 anos, a pessoa mais velha a ocupar o Salão Oval, disse que permaneceria na Presidência até o fim de seu mandato em 20 de janeiro de 2025.
O desempenho instável de Biden no debate de 27 de junho contra Trump levou os democratas seniores a pedir que ele desistisse de sua candidatura, mas líderes republicanos têm demandado que ele renuncie ao cargo, argumentando que, se ele não está apto para fazer campanha, não está apto para governar.
Kamala passou o domingo trabalhando nos telefones, vestida com um moletom da Howard University e comendo pizza com anchovas enquanto conversava com o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, um possível companheiro de chapa como vice-presidente, com o líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, e com o presidente da Bancada Negra do Congresso, o deputado Steven Horsford, segundo fontes.
Trump, cujas falsas alegações de que sua derrota em 2020 para Biden foi resultado de fraude inspiraram o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, questionou nesta segunda-feira o direito dos democratas de mudar de candidato.
"Eles roubaram a corrida de Biden depois que ele a venceu nas primárias", disse Trump em seu site Truth Social.
Apesar da demonstração inicial de apoio a Kamala, a conversa sobre uma convenção aberta quando os democratas se reunirem em Chicago de 19 a 22 de agosto não foi totalmente silenciada.
A ex-presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, e o ex-presidente Barack Obama não anunciaram apoios, embora ambos tenham elogiado Biden. Em uma postagem no X que não mencionou Kamala, o bilionário Michael Bloomberg, um importante doador democrata, incentivou o partido a "tomar o pulso dos eleitores" antes de tomar uma decisão.
Com os democratas entrando em território desconhecido, o presidente do Comitê Nacional Democrata, Jaime Harrison, disse que o partido anunciaria em breve as próximas etapas de seu processo de indicação.