Fed pode estar prestes a deixar para trás definição da inflação como "elevada"
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Em setembro de 2021, depois de absorver três meses de aumentos de preços que foram mais do que o dobro da meta de 2% do Federal Reserve, a equipe e autoridades do banco central dos Estados Unidos mudaram seu tom mais passivo sobre a inflação e começaram a descrevê-la como "elevada".
Desencadeada depois que o índice de preços PCE usado pelo Fed para definir sua meta de inflação ultrapassou 4% em maio, junho e julho daquele ano, a descrição de inflação elevada permanece no comunicado de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto até hoje, mesmo com o PCE agora abaixo de 2,6% e, ao que parece, ainda em queda.
A reunião de política monetária do Fed na semana que vem pode finalmente fazer com que a palavra se retirada. Se isso acontecer, será o sinal mais forte de que o banco central planeja cortar a taxa de juros já em setembro e iniciar o afrouxamento de seu ciclo de política monetária, algo que os investidores agora veem como quase certo.
A mudança na descrição da inflação para algo mais brando do que elevado também pode levar o Fed a editar a outra frase importamte em seu comunicado atual: que os juros não serão cortados até que as autoridades "ganhem mais confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%".
A equipe do Fed parou de descrever a inflação como elevada em janeiro, depois que o PCE foi abaixo de 3%, e as autoridades notaram antes da reunião de 30 e 31 de julho que a inflação estava desacelerando de forma mais ampla em toda a economia e aumentando sua confiança de que a desaceleração continuaria.
Eles começaram a usar frases como "se aproximando" para descrever a distância restante para uma mudança na política monetária e sugeriram possíveis limites que poderiam justificar mudanças na forma como o Fed descreve a economia e sua reação a ela.
Em comentários a repórteres no final de junho, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que ficaria "surpreso se (...) qualquer coisa acima de meio ponto percentual fosse visto como não elevado", apontando indiretamente para uma inflação de 2,5% ou menos como referência para, pelo menos, considerar a mudança na descrição da inflação.
Muitos economistas acreditam que esse limite será atingido ou ultrapassado quando os dados de PCE de junho forem divulgados em 26 de julho.