Autoridades chinesas esperam trajetória atribulada para economia após reunião de líderes

Publicado em 19/07/2024 09:28 e atualizado em 19/07/2024 09:58

Por Joe Cash e Liangping Gao

PEQUIM (Reuters) - As autoridades chinesas reconheceram nesta sexta-feira que a lista abrangente de metas econômicas enfatizada ao final de uma importante reunião do Partido Comunista nesta semana continha "muitas contradições complexas", apontando para uma trajetória atribulada à frente para a implementação de medidas.

A pressão por mudanças profundas na forma como a segunda maior economia do mundo funciona aumentou este ano, com a confiança dos consumidores e das empresas próxima a mínimas recordes no país e com os líderes globais cada vez mais preocupados com o domínio das exportações da China.

Após uma reunião de quatro dias a portas fechadas, liderada pelo presidente Xi Jinping e que ocorre aproximadamente uma vez a cada cinco anos, as autoridades fizeram uma série de promessas aparentemente contraditórias, desde a modernização do complexo industrial e, ao mesmo tempo, expansão da demanda doméstica, até o estímulo ao crescimento e, simultaneamente, redução dos riscos de endividamento.

O resumo inicial da reunião, conhecida como plenária, não continha detalhes sobre como Pequim planeja agir --por exemplo, como fazer com que os consumidores gastem mais enquanto os recursos fluem principalmente para os produtores e a infraestrutura.

Aumentam as preocupações de que, sem uma mudança estrutural que dê aos consumidores um papel mais importante na economia, a dívida continuará a superar o crescimento para financiar a modernização industrial e as metas de proeminência global de Pequim.

Isso aumenta os riscos. Alguns analistas alertam que o caminho atual alimenta os riscos de um período prolongado de quase estagnação e ameaças persistentes de deflação, como visto no Japão desde a década de 1990.

"Os altos níveis de endividamento, somados às crescentes pressões deflacionárias, podem acabar resultando em um crescimento baixo e inflação muito baixa ao estilo japonês", disse Julian Evans-Pritchard, diretor de economia da China na Capital Economics.

"Acho que isso os forçaria a mudar o curso de suas políticas atuais. Mas isso pode não acontecer imediatamente. Talvez isso só aconteça daqui a alguns anos."

Contradições nos esforços chineses estão presentes há décadas, assim como os objetivos de aumentar o valor agregado da manufatura, melhorar a seguridade social, liberalizar o uso da terra e melhorar as receitas fiscais de governos locais.

(Reportagem adicional de Ellen Zhang e Kevin Yao em Pequim)

Fonte: Reuters

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