Dólar cai frente ao real após IPCA em junho abaixo do esperado

Publicado em 10/07/2024 09:15 e atualizado em 10/07/2024 10:39

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nas negociações desta quarta-feira, abaixo de 5,40 reais, à medida que os investidores analisam dados sobre a inflação ao consumidor no Brasil, que vieram abaixo do esperado por analistas consultados pela Reuters.

Às 9h44, o dólar à vista caía 0,66%, a 5,3785 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,70%, a 5,3970 reais na venda..

Nesta manhã, o mercado nacional repercute números que mostraram que a alta dos preços ao consumidor brasileiro voltou a desacelerar no mês de junho, o que pode amenizar as preocupações recentes de investidores e do Banco Central com a inflação futura no país.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,21% em junho, após alta de 0,46% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,32%.

O IPCA vinha acelerando na base mensal desde março, à medida que se apuravam os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul ao longo da cadeia produtiva. Em 12 meses até junho, o índice acelerou para 4,23%, mas abaixo dos 4,35% esperados por economistas.

O resultado para o mês passado pode reduzir os temores do mercado em relação à inflação no Brasil, o que vinha contribuindo para uma crescente desancoragem das expectativas em relação à meta de 3% do BC e para a cautela dos membros da autarquia.

No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu interromper seu ciclo de afrouxamento monetário após sete cortes consecutivos na taxa Selic, agora em 10,50% ao ano.

Na pesquisa Focus desta semana, analistas subiram novamente a projeção para o IPCA ao fim do ano, agora a 4,02%.

"A taxa de câmbio apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta quarta-feira, refletindo a leitura de um índice IPCA de junho bastante favorável", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"O número deve diminuir as preocupações dos investidores em relação a uma possível tendência de aumento inflacionário no Brasil. Também deve dar conforto ao Banco Central... e ajudar no trabalho de reancorar as expectativas dos agentes", acrescentou.

Os dados favoráveis do IPCA se somam à retomada da confiança dos investidores com o compromisso do governo no ajuste das contas públicas, o que vem permitindo uma série de ganhos do real desde a semana passada.

Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4140 reais na venda, em baixa de 1,15%.

No exterior, o cenário também é de fraqueza do dólar, devido a um crescente otimismo de que o Federal Reserve começará a cortar os juros em breve, com operadores prevendo o início do ciclo de afrouxamento monetário em setembro.

Os Estados Unidos vêm apresentando dados mais moderados em seu mercado de trabalho, levando o chair do Fed, Jerome Powell, a dizer na véspera que o país não possui "mais uma economia superaquecida".

Na quinta-feira, as atenções dos mercados globais se voltam para a divulgação do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) para junho. A expectativa de analistas entrevistados pela Reuters é de ligeira alta de 0,1%, ante estabilidade em maio.

Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,07%, a 105,050.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ONS eleva previsão para crescimento da carga de energia a 1,5% em setembro
Wall Street abre com pouca variação após dados de emprego de agosto
Ibovespa recua na abertura com dados de emprego dos EUA em foco
Dólar recua após dados de emprego dos EUA fomentarem apostas de corte grande de juros pelo Fed
Presidente do Fed de NY diz que chegou a hora de iniciar cortes nos juros
Preço do diesel aumenta quase 1% em agosto e encerra o mês a R$ 6,10