Domínio do dólar está garantido e Brics não progride na desdolarização, aponta estudo

Publicado em 25/06/2024 08:10

 

Por Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - O dólar continua sendo a principal moeda de reserva do mundo, e nem o euro nem os países do Brics conseguiram reduzir a dependência global da divisa norte-americana, segundo um novo estudo do Centro Geoeconômico do Atlantic Council.

Segundo o estudo intitulado "Dollar Dominance Monitor" ("Monitor do Domínio do Dólar), o dólar continua a dominar as reservas estrangeiras, o faturamento comercial e as transações monetárias em todo o mundo, e seu papel como a principal moeda de reserva global está garantido a curto e médio prazo.

A dominância do dólar -- o papel desproporcional do dólar norte-americano na economia mundial -- foi fortalecida recentemente devido à economia robusta dos Estados Unidos, à política monetária mais rígida e ao aumento dos riscos geopolíticos, mesmo que a fragmentação econômica tenha fortalecido a pressão dos países do Brics para que adotem outras moedas internacionais e de reserva.

O relatório do Atlantic Council disse que as sanções ocidentais contra a Rússia, impostas pelo Grupo dos Sete países de economia avançada após a invasão da Ucrânia por Moscou, aceleraram os esforços dos países do Brics para desenvolver uma união monetária, mas o grupo não conseguiu progredir em seus esforços de desdolarização.

O Brics é uma organização intergovernamental composta por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

O conselho informou que o Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço (CIPS) da China adicionou 62 participantes diretos nos 12 meses até maio de 2024, um aumento de 78%, elevando o total para 142 participantes diretos e 1.394 participantes indiretos.

As negociações em torno de um sistema de pagamento intra-Brics ainda estavam nos estágios iniciais, mas acordos bilaterais e multilaterais dentro do grupo poderiam formar a base para uma plataforma de câmbio ao longo do tempo. Entretanto, esses acordos não eram facilmente escalonáveis, pois eram negociados individualmente, segundo o relatório.

O estudo observou que a China tem apoiado ativamente a liquidez do iuan por meio de linhas de swap com seus parceiros comerciais, mas a participação da moeda chinesa nas reservas globais de moeda estrangeira caiu para 2,3% em relação ao pico de 2,8% em 2022.

"Isso possivelmente se deve à preocupação dos gerentes de reservas com a economia da China, à posição de Pequim na guerra Rússia-Ucrânia e a uma possível invasão chinesa de Taiwan, contribuindo para a percepção do renminbi (como o iuan é oficialmente chamado na China) como uma moeda de reserva geopoliticamente arriscada", disse o relatório.

O euro, que já foi considerado um concorrente do papel internacional do dólar, também estava se enfraquecendo como moeda alternativa, com aqueles que buscavam reduzir sua exposição ao risco voltando-se para o ouro, segundo o relatório.

Segundo ele, as sanções russas deixaram claro para os gestores de reservas que o euro estava exposto a riscos geopolíticos semelhantes aos do dólar. As preocupações com a estabilidade macroeconômica, a consolidação fiscal e a falta de uma união dos mercados de capitais europeus também prejudicaram o papel internacional do euro, segundo o relatório.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ONS eleva previsão para crescimento da carga de energia a 1,5% em setembro
Wall Street abre com pouca variação após dados de emprego de agosto
Ibovespa recua na abertura com dados de emprego dos EUA em foco
Dólar recua após dados de emprego dos EUA fomentarem apostas de corte grande de juros pelo Fed
Presidente do Fed de NY diz que chegou a hora de iniciar cortes nos juros
Preço do diesel aumenta quase 1% em agosto e encerra o mês a R$ 6,10