BP comprará participação da Bunge na empresa de bioenergia em acordo de US$1,4 bi

Publicado em 20/06/2024 14:47 e atualizado em 20/06/2024 17:21

 

Por Ron Bousso e Sourasis Bose

LONDRES (Reuters) - A BP fechou acordo para comprar a participação de 50% da trading de grãos Bunge na joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia por 1,4 bilhão de dólares, em uma aposta na crescente demanda por biocombustíveis de baixo carbono.

Após a conclusão do negócio, prevista para o final de 2024, a BP assumirá o controle total da Bioenergia, que tem capacidade de produção de cerca de 50 mil barris por dia de etanol equivalente a partir da cana-de-açúcar.

A BP consolidará a dívida e as obrigações de arrendamento da Bioenergia de 1,2 bilhão de dólares, disse a empresa, o que significa que pagará um total de 800 milhões de dólares à Bunge, segundo cálculos da Reuters.

A aquisição ocorre em meio à crescente preocupação dos investidores com a estratégia da BP, depois que a S&P Global, no início deste mês, revisou para baixo a perspectiva de crédito da BP, citando uma redução da dívida mais lenta do que o esperado.

A BP disse que a aquisição deverá atingir o retorno para bioenergia de mais de 15% e estará dentro de sua estrutura de gastos anuais de cerca de 16 bilhões de dólares.

A BP Bunge Bioenergia é uma das maiores operações de açúcar e etanol do Brasil. Tem 11 usinas em cinco estados, com capacidade para processar 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Além do etanol, produz mais de 1 milhão de toneladas de açúcar por ano.

A Bunge vem tentando vender seus ativos de açúcar e etanol no Brasil há alguns anos. Manteve conversas com possíveis compradores de sua participação na empresa em 2022, sem acordo.

Mais tarde, foi indicado que a BP provavelmente exerceria o seu direito de preferência sobre qualquer oferta externa e compraria a parte da Bunge.

As ações da Bunge subiam cerca de 1% na quinta-feira, enquanto a BP subia 0,8%.

O etanol tem sido um negócio difícil no Brasil, com as empresas quase não ganhando dinheiro, disse Willian Orzari, sócio da consultoria FG/A.

Ele acredita que a BP está olhando no longo prazo, possivelmente procurando garantir o fornecimento de biocombustíveis de baixo carbono para produzir combustível de aviação sustentável (SAF).

O etanol à base de cana-de-açúcar tem baixa pegada de carbono. Diversas empresas do país obtiveram certificação para fornecer SAF.

A BP também limitará os planos para o desenvolvimento de novos projetos de biocombustíveis. A empresa está interrompendo dois projetos de biocombustíveis em sua refinaria de Lingen, na Alemanha, e em sua refinaria de Cherry Point, no Estado norte-americano de Washington. A companhia também está avaliando outros três projetos.

"Isto está totalmente em linha com as prioridades da BP de direcionar o foco para o negócio e aumentar os retornos para os acionistas", afirmou Emma Delaney, diretora de clientes e produtos da BP.

(Reportagem de Sourasis Bose, em Bengaluru, com reportagem adicional de Marcelo Teixeira, em Nova York)

Fonte: Reuters

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