Dólar cai ante real em meio à menor preocupação com inflação nos EUA e na Europa

Publicado em 05/06/2024 10:10 e atualizado em 05/06/2024 11:52

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista devolvia alguns de seus ganhos recentes frente ao real nas negociações desta quarta-feira, em meio à diminuição das preocupações dos investidores com a inflação nos Estados Unidos e na zona do euro, após a divisa norte-americana registrar na véspera no Brasil seu maior valor de fechamento em mais de um ano.

Às 9h57, o dólar à vista caía 0,23%, a 5,2729 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,32%, a 5,286 reais na venda.

"Os mercados lá fora estão mais positivos para emergentes no geral", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

"Dados de mercado de trabalho dos EUA mostraram criação de postos abaixo da expectativa. Isso ajuda a reduzir as preocupações com a inflação e favorece um enfraquecimento do dólar", acrescentou.

Nesta manhã, dados mostraram que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA ficou abaixo do esperado em maio e os dados do mês anterior foram revisados para baixo.

Foram abertos 152.000 empregos no mês passado, depois de 188.000 em abril, segundo o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam a criação de 175.000 postos no mês passado.

A persistência de um mercado de trabalho bastante aquecido nos EUA tem deixado as autoridades do Federal Reserve com uma postura cautelosa em relação à trajetória da inflação de volta à sua meta de 2%, adiando o possível início de um ciclo de cortes nos juros.

Com a moderação recente no mercado de trabalho, operadores passaram a ver 65% de chances de um corte de juros pelo Fed em setembro, contra 46% uma semana antes, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.

Na zona do euro, dados de preços ao produtor mostraram uma deflação maior do que o esperado pelos economistas, de 1,0%, o que reforçou as expectativas de corte da taxa de juros pelo Banco Central Europeu já na quinta-feira.

Os mercados, no entanto, ainda acumulam incertezas sobre a trajetória futura dos juros na zona do euro.

No cenário doméstico, os investidores seguem atentos ao aumento das expectativas de inflação do mercado, evidenciado pela pesquisa Focus do Banco Central, assim como ao cenário fiscal no Brasil, um tema de contínua preocupação dos economistas.

Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,2851 reais na venda, em alta de 0,96%, atingindo o maior valor de fechamento desde 23 de março de 2023, após a queda de commodities da pauta exportadora brasileira, o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas emergentes e o desconforto do mercado com o cenário fiscal brasileiro.

Fonte: Reuters

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