Brasil abre 240.033 vagas formais de trabalho em abril, acima do esperado
SÃO PAULO (Reuters) -O Brasil abriu 240.033 vagas formais de trabalho em abril, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O resultado do mês passado ficou acima da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 216.948 empregos, e foi fruto de 2.260.439 de admissões e 2.040.406 de desligamentos.
Com relação ao salário médio real (descontada a inflação) de admissão, houve aumento real de 1,77% em abril ante março, para 2.126,16 reais.
Em entrevista coletiva para apresentação dos números, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, criticou a ideia de que o aumento da renda e do emprego podem pressionar a inflação brasileira, levando o Banco Central a interromper o atual processo de cortes da taxa básica Selic.
Em seu último encontro de política monetária, no início do mês, o BC reduziu o ritmo de cortes da Selic, de 50 para 25 pontos-base, e não se comprometeu com mais cortes da taxa, hoje em 10,50% ao ano. Na ata da reunião, o BC destacou o "elevado dinamismo" do mercado de trabalho e citou debate sobre a possível transmissão para salários e preços desse aperto do mercado, mas também o entendimento de que não há evidências conclusivas sobre seu impacto inflacionário.
No mercado, a precificação dos juros futuros já indica mais de 80% de probabilidade de o BC não cortar a Selic em junho.
"Apesar de pisar no freio e ter um corte menor (da Selic), teve corte (em maio). E espero que os cortes continuem. Espero que as análises olhem também o que está acontecendo no mundo real e o quanto os juros impactam na vida das pessoas", defendeu Marinho na coletiva.
"Não posso aceitar a lógica de que esta variação de crescimento dos salários, que ainda estão baixos... seja suficiente para pensar em cessar o corte de juros", acrescentou.
Marinho afirmou ainda que espera que a Selic termine 2024 abaixo dos dois dígitos.
O IBGE informou nesta quarta-feira que a taxa de desemprego do país ficou em 7,5% nos três meses encerrados em abril, nível mais baixo de desocupação para esse período em 10 anos.
ACUMULADO DO ANO
No acumulado do ano até abril, o saldo de empregos formais no Brasil está positivo em 958.425 vagas, ante 718.576 vagas no mesmo período do ano passado, segundo a série ajustada do ministério.
Em abril, houve saldo positivo de vagas nos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas, com destaque para o setor de serviços, que concentra o maior estoque de empregados e abriu 138.309 postos.
Houve criação de 35.990 empregos formais na indústria, 31.893 no setor de construção e 27.272 no comércio. Na agricultura, por sua vez, foram abertos 6.576 postos de trabalho em termos líquidos.
Os dados mostraram saldo positivo de empregos criados em todas as cinco regiões do país. O Sudeste abriu o maior número de vagas em abril em termos absolutos, com leitura de 126.411, seguido por Sul (45.001), Centro-Oeste (24.408), Nordeste (23.667) e Norte (15.745).
Marinho pontuou, no entanto, que a tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul tende a afetar os resultados do Estado e, de forma mais ampla, os números do Brasil nas próximas divulgações.
"(A tragédia) impactará o emprego no Estado e no geral do país. No entanto, as ações tomadas... creio que devem ter também um impacto positivo, na retomada, principalmente na indústria de construção, de venda de materiais de construção", pontuou o ministro.
(Por Fabrício de CastroEdição de Isabel Versiani)