Cade aprova substituir em TCCs da Petrobras obrigação de venda de refinarias e TBG

Publicado em 22/05/2024 15:06

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras informou nesta quarta-feira que o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a renegociação dos Termos de Compromisso de Cessação (TCC) assinados com o órgão, em medida que desobriga a estatal a prosseguir com a venda de refinarias e da participação na transportadora de gás TBG.

A companhia havia apresentado na semana passada ao Cade proposta de revisão dos compromissos assumidos em 2019, no governo Jair Bolsonaro, quando se determinou que a estatal teria que realizar desinvestimentos para estimular mais concorrência nos mercados de gás e refino.

A decisão do tribunal favorável à Petrobras veio alinhada à avaliação da superintendência-geral do órgão, segundo a qual as medidas propostas pela estatal para substituir os compromissos originais eram compatíveis com novas realidades dos mercados desde então.

A venda de refinarias havia sido suspensa no ano passado, quando o Ministério de Minas e Energia determinou uma interrupção da alienação de ativos pela estatal diante das novas diretrizes de política energética pelo governo federal.

De refinarias que se propôs anteriormente a vender, a Petrobras conseguiu se desfazer da Rlam, Reman e SIX, mas não teve sucesso em negociações para alienar Rnest, Repar, Regap, Refap e Lubnor.

O conselheiro do Cade Gustavo Augusto apontou nesta quarta-feira que o setor de refino no Brasil conseguiu atrair novos agentes independentes desde 2019, e não apenas em função dos desinvestimentos realizados anteriormente pela Petrobras.

"Temos atores entrando, e temos vários atores interessados em entrar... Mas ninguém entra em refino se não tem óleo para comprar."

Nesse contexto, o conselheiro destacou a importância dos novos mecanismos pactuados com a Petrobras, que permitirão ao Cade monitorar a atuação comercial da estatal no mercado de derivados e de petróleo e verificar práticas de preços não discriminatórias.

A Petrobras propôs divulgar suas diretrizes gerais comerciais para entregas de petróleo por via marítima não discriminatórias e a oferta de "contratos frame" a qualquer refinaria independente em território brasileiro.

A companhia também se dispôs a apresentar relatórios sobre sua nova estratégia comercial para a oferta de derivados, como gasolina e diesel, após o abandono do Preço de Paridade de Importação (PPI).

"Com isso, com esse contexto, me parece que estamos sim preservando o objetivo original, que é o objetivo de se permitir que o mercado seja competitivo suficiente para estar pronto para receber novos atores, e que talvez já tenhamos avançado suficientemente em desinvestimento de ativos", afirmou Augusto.

Já para o gás, a Petrobras apontou que a venda da transportadora TBG, que opera o gasoduto Bolívia-Brasil, não é condição necessária para alcançar os objetivos do TCC e também afetaria negativamente sua nova estratégia e modelo de negócios.

Entre as medidas, propôs salvaguardas adicionais para eleição de conselheiros independentes, com nomeação intermediada por head hunter independente, e a proibição de cessão de funcionários da Petrobras para a diretoria comercial da TBG.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa recua com declínio de commodities, mas PIB atenua perda
Ações caem na Europa após dados dos EUA reacenderem preocupação com crescimento
Dólar vira e passa a subir frente ao real com exterior se sobrepondo a surpresa com PIB doméstico
Dólar recua na contramão do exterior após PIB sinalizar Selic mais alta
Ibovespa oscila pouco na abertura com queda de commodities, mas PIB acima do esperado
Dólar sobe em linha com exterior enquanto juros no Brasil e EUA seguem em foco