Dólar tem leve alta com "efeito Petrobras" se sobrepondo a dados favoráveis dos EUA

Publicado em 15/05/2024 17:20

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quarta-feira em leve alta, com preocupações sobre a ingerência política na Petrobras impulsionando as cotações, por um lado, e os dados favoráveis de inflação nos Estados Unidos retirando parte da pressão sobre a moeda norte-americana, por outro.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1368 reais na venda, em leve alta de 0,13%. Em maio, porém, a divisa acumula queda de 1,08%.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,17%, a 5,1415 reais na venda.

No início da sessão, o dólar à vista passou por forte pressão de alta, repercutindo as notícias, da véspera, sobre a demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras. No geral, a avaliação foi de que a saída de Prates representa uma ingerência política sobre a estatal, o que é malvisto pelo mercado.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,1711 reais (+0,80%) às 9h01.

“O mercado sempre se estressa em algum grau com qualquer tipo de possibilidade de intervenção do governo na economia. Então tivemos uma movimentação mais forte no dólar (ante o real), ainda que o DXY (índice do dólar) não estivesse tão forte no exterior”, comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

A pressão de alta trazida pela Petrobras, no entanto, foi em parte compensada pelos dados de inflação divulgados nos EUA.

Às 9h30, o Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em abril, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, ante 3,5% em março. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.

Os números reforçaram as apostas de que o Federal Reserve terá espaço para efetuar dois cortes de sua taxa básica ainda em 2024, o que trouxe alívio para a curva de juros norte-americana e colocou o dólar em baixa ante todas as demais divisas.

“Com a ingerência política na Petrobras, o mercado deu uma estressada. O contraponto foi o cenário externo, com o dólar caindo lá fora após o CPI”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

Às 12h34, no auge do impulso baixista, o dólar à vista marcou a mínima de 5,1213 reais (-0,17%).

Durante a tarde, a moeda norte-americana voltou a registrar leves ganhos ante o real, sugerindo que o desconforto com a condução da Petrobras pelo governo ainda não havia sido superado. Prova disso é que no fim da tarde o real era a única divisa, entre as negociadas nos mercados globais, que perdia valor ante o dólar - todas as demais subiam sob a influência positiva do CPI.

Às 17h09, o índice do dólar - que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -caía 0,69%, a 104,320.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 357 milhões de dólares em maio até o dia 10, com saídas líquidas de 617 milhões de dólares pela via financeira e entradas de 260 milhões de dólares pelo canal comercial.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa tem leve recuo, mas sela ganho semanal apoiado em estímulos na China
Dólar à vista fecha em baixa de 0,16%, a R$5,4363 na venda
Dow Jones fecha em alta recorde, com inflação moderada também impulsionando small caps
Ibovespa fecha estável, mas tem ganho semanal com estímulos da China em foco
Taxas sobem em DIs a partir de 2026 após dados fortes do mercado de trabalho
Brasil desenha proposta para atrair investimentos chineses em visita de Xi Jinping