Ibovespa fecha em alta em dia cheio de balanços e ata do Copom
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, em performance endossada por Wall Street, com agentes repercutindo uma nova bateria de resultados, entre eles os de Petrobras, Natura&Co e Hapvida, bem como as explicações detalhadas do Banco Central sobre a decisão dividida de reduzir a Selic a 10,50%.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,28%, a 128.515,49 pontos. O volume financeiro somou 23,5 bilhões de reais.
A ata da reunião do Comitê de Política Monetária na semana passada, quando a Selic foi reduzida em 0,25 ponto percentual, mostrou que os membros que votaram por um corte maior compartilharam da percepção de aumento da incerteza e mostraram "firme compromisso" com a meta e a reancoragem das expectativas.
De acordo com o sócio e especialista da Blue3 Investimentos, Victor Hugo Israel, a divisão do comitê trouxe bastante incertezas para o mercado na última semana, mas a ata nesta terça-feira esclareceu os motivos da divergência, ao mesmo tempo em que sinalizou política monetária um pouco mais contracionista.
A decisão da última quarta-feira teve divergência dos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defenderam corte de 0,50 ponto.
No exterior, as atenções se voltaram para dados de preços ao produtor nos Estados Unidos de abril, que aumentaram acima das previsões no mercado. Na quarta-feira, o foco estará em números da inflação ao consumidor norte-americano do mês passado.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, os dirigentes do Federal Reserve vêm reforçando declarações de que os dados precisam evoluir positivamente para que haja mudança na política monetária. "E o dado de hoje não colabora nesse sentido."
O chair do Fed, Jerome Powell, também ocupou os holofotes, afirmando que espera que a inflação continue caindo até 2024, como aconteceu no ano passado, embora sua confiança nisso tenha diminuído depois que os preços subiram mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou com variação positiva de 0,48%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,4492% no final do dia, de 4,481% na véspera.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuou 1,8% após a petrolífera divulgar queda de 37,9% no lucro líquido do primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, para 23,7 bilhões de reais, frustrando as expectativas do mercado e ainda reportando dividendos menores do que o esperado. Executivos da companhia afirmaram que a política de preços da estatal para o diesel tem sido exitosa em evitar repassar volatilidades do mercado externo ao interno e permite ainda que a companhia continue lucrando.
- HAPVIDA ON disparou 10,42%, reagindo ao resultado do primeiro trimestre, com salto no lucro líquido ajustado para 506,8 milhões de reais, de lucro de 33,1 milhões no mesmo período no ano anterior. O resultado veio acima do esperado por analistas. O CFO da companhia de saúde ainda afirmou que Hapvida chegará ao final de 2024 com um patamar de alavancagem "bastante confortável".
- NATURA&CO ON caiu 9,43%, com o balanço do primeiro trimestre mostrando um salto no prejuízo líquido consolidado, que chegou a 935 milhões de reais ante resultado negativo de 652 milhões que havia sofrido um ano antes. O Ebitda caiu 9% e a receita líquida recuou 6%. Nem a sinalização da empresa de que espera resultado positivo nos próximos trimestres após efeitos não recorrentes amenizou as vendas, com o CFO afirmando que custos "transformacionais" da companhia devem continuar elevados neste ano.
- EMBRAER ON valorizou-se 7,65%, ajudando o encerramento positivo do Ibovespa.
- B3 ON subiu 2,14%, também respondendo por um suporte relevante para o Ibovespa. Analistas do Goldman Sachs citaram que dados operacionais de abril mostraram que a empresa teve um começo forte para o segundo trimestre. Já a equipe do Citi avaliou que os números continuam decepcionantes e cortaram o preço-alvo das ações para 11,4 reais, reiterando recomendação "neutra". O Goldman Sachs também tem recomendação "neutra", com preço-alvo de 13 reais.
- VALE ON cedeu 0,06%, enfraquecida pelo movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian <DCIOcv1 > fechou em queda de 0,75%.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta 1,09%, também respondendo por uma contribuição positiva crucial, enquanto BRADESCO PN encerrou com decréscimo de 0,07%.