Dólar sobe ante real com impulso de dados ruins de inflação nos EUA
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Apesar de ter perdido força durante a tarde, o dólar à vista fechou a quinta-feira em alta ante o real, impulsionado pelos dados piores que o esperado da inflação dos EUA, que reforçaram as apostas de que o Federal Reserve deve promover menos cortes de juros este ano.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1651 reais na venda, em alta de 0,31%. Em abril, a divisa dos EUA acumula elevação de 2,98%.
Às 17h10, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a 5,1670 reais na venda.
Os investidores começaram o dia à espera da divulgação, pelo Departamento do Comércio, da primeira prévia do Produto Interno Bruto dos EUA para o primeiro trimestre e do índice PCE que acompanha o relatório do PIB, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve na política monetária.
Quando os números saíram, às 9h30 (horário de Brasília), os yields dos Treasuries despencaram em um primeiro momento, com a informação de que o PIB cresceu a uma taxa anualizada de 1,6% no primeiro trimestre -- abaixo dos 2,4% de crescimento projetados por economistas consultados pela Reuters. Isso fez com que, no Brasil, o dólar à vista também despencasse, marcando às 9h30 a mínima de 5,1123 reais (-0,72%).
No minuto seguinte, no entanto, os yields saltaram para o território positivo e passaram a renovar máximas na sessão, o que fez o dólar também ganhar força ante várias divisas, incluindo o real. Por trás da virada estavam os números ruins de inflação: o núcleo do PCE subiu 3,7% no primeiro trimestre, acima da expectativa de alta de 3,4%.
“A inflação veio muito ruim, então o dólar deu uma reagida e chegou aos 5,19 reais”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, lembrando que os dados reforçaram a percepção de que o Federal Reserve tende a promover menos cortes de juros em 2024 -- o que, em tese, favorece a moeda norte-americana.
Às 10h14, já após os números de inflação, o dólar à vista registrou o pico de 5,1943 reais (+0,88%).
Durante a tarde, porém, os yields perderam força nos EUA, assim como a moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas, o que também colocou o dólar em patamares mais baixos no Brasil. Investidores aguardam agora a divulgação do índice PCE mensal na sexta-feira, dado de preferência do Fed para suas decisões de política monetária.
Às 17h11, o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,22%, a 105,570.
A forte influência do exterior sobre os ativos no Brasil deixou em segundo plano nesta quinta-feira o noticiário interno. O ministério da Fazenda deu detalhes sobre a proposta de regulamentação da reforma tributária, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a definição do relator da matéria deve ocorrer ainda esta semana.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.
À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 165 milhões de dólares em abril até o dia 19, com saídas líquidas de 8,400 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 8,564 bilhões de dólares pela via comercial.