Solução para dívida dos Estados não pode passar por desequilíbrio da União, diz Haddad

Publicado em 08/04/2024 16:15

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que espera que a renegociação das dívidas de Estados com a União seja acordada o mais rapidamente possível e ressaltou que a solução da questão não pode resultar em um desequilíbrio das contas públicas federais.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Haddad afirmou que já tem a concordância da maior parte dos governadores sobre uma proposta do governo para o tema e que espera receber um retorno dos representantes dos Estados em breve.

"Nós entendemos a angústia e temos um caminho a trilhar que tem a concordância, se não de todos, da maioria dos governadores que foram ouvidos e que estão de acordo que a solução do endividamento dos Estados não pode passar por um desequilíbrio da própria União", disse o ministro, lembrando que o governo federal também empreende um esforço "grande" para equilibrar as contas.

O Ministério da Fazenda apresentou a governos estaduais, no final de março, proposta para reduzir os juros das dívidas dos Estados com a União, exigindo em contrapartida a criação e ampliação de matrículas em educação profissional técnica.

O programa também prevê juros mais baixos para governos regionais que amortizarem antecipadamente parte de seus débitos com o governo federal.

Haddad disse que, para o Ministério da Fazenda, quanto antes o projeto estiver tramitando no Congresso melhor, ainda que o tema imponha cautela.

"Temos que saber usar o cobertor de forma adequada. Queremos, sim, endereçar esse problema, mas com as cautelas devidas. Até para não criar nenhuma celeuma em torno da sustentabilidade dos entes federados e da própria União em relação ao equilíbrio fiscal", avaliou o ministro.

O presidente do Senado reafirmou o compromisso do Congresso em trabalhar pela estabilidade fiscal e pela busca da meta de resultado primário e frisou a disposição do Executivo em tratar do tema da dívida dos Estados.

"Há o envidamento de esforços no Ministério da Fazenda para com a maior brevidade possível ... fazer a concepção de um modelo também que seja bom para a União, bom para os Estados federados, especialmente aqueles endividados. E nós temos o compromisso no Congresso de fazermos a aprovação do projeto justamente para equacionar a dívida dos Estados", disse Pacheco.

Ele disse que, durante almoço com Haddad, líderes e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também foram discutidas a desoneração da folha salarial, a regulamentação da reforma tributária e a pauta econômica do Congresso, além de vetos presidenciais ao Orçamento deste ano, disse Pacheco.

"Há uma preocupação do ministro Fernando Haddad, natural, de não se criarem despesas sem a contrapartida do lastro de receitas que faça a compensação disso. Essa é uma preocupação que eu também queria aqui externar, que é também do Congresso Nacional. Nós vamos estar sempre alinhados e pactuados", disse Pacheco a jornalistas.

"É um interesse, mesmo, de Brasil de termos um regime fiscal adequado, a perseguição ao déficit zero -- que deve ser um objetivo de todos nós -- e projetos que sejam pautados em desenvolvimento do Brasil, em geração de emprego, em geração de receitas que sejam inteligentes, sem sacrifícios aos contribuintes."

(Por Maria Carolina Marcello e Victor Borges)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar sobe ante real com exterior ofuscando dados fortes do PIB
Ibovespa fecha em queda pressionado por Vale apesar de PIB acima do esperado
Governo pede ao ONS plano para segurança energética após recuo em reservatórios de usinas
Ibovespa recua com declínio de commodities, mas PIB atenua perda
Ações caem na Europa após dados dos EUA reacenderem preocupação com crescimento
Dólar vira e passa a subir frente ao real com exterior se sobrepondo a surpresa com PIB doméstico